A banda de Ana Deus e Alexandre Soares sobe ao palco do Rivoli pelas 21:30 no âmbito do ciclo Porto Best Of, do Teatro Municipal do Porto, que junta grupos históricos da cidade a bandas mais jovens.

Desta feita, antes do grupo de “O Mundo a Meus Pés” atuarão os músicos Dan Riverman e Old Jerusalem, projeto de Francisco Silva que apresenta o primeiro álbum em cinco anos, “A rose is a rose is a rose”.

Ana (vocais) e Alexandre (guitarra), que também estão por trás do projeto Osso Vaidoso, vão juntar-se a João Pedro Coimbra, na bateria, a Quico Serrano nos teclados e Rui Martelo no baixo para revisitar “Guia Espiritual”, o segundo álbum do grupo, editado em 1996, ainda que em cima da mesa estejam também algumas faixas de “Comum”, lançado em 1998, revelaram em entrevista à agência Lusa.

Ainda em ensaios, Ana e Alexandre estão à procura de “uma abordagem um bocadinho mais orgânica” aos temas num “reencontro com as músicas e com as letras”, uma vez que os elementos da banda, de que também faz parte a poeta Regina Guimarães, acabaram por trabalhar juntos desde o último concerto do grupo.

“O único com quem não tocávamos há algum tempo era o Quico, vai ser um bom reencontro. Depois, é o reencontro com as músicas e com as letras. A estranheza que provoca aquele tipo de composição, algumas mais que outras. Ainda estamos na fase da aproximação, mas é um exercício curioso, porque algumas coisas não faria da mesma forma e em outras fico admirada, penso ‘ainda bem que fiz assim na altura’”, explicou Ana Deus.

A “forma muito complexa, com muita eletrónica e programação” de que dependia o lado instrumental das canções, apontou Alexandre Soares, vai dar agora lugar a “uma roupagem um pouco diferente”.

“Teremos algumas coisas de base que já tínhamos, que têm a ver com a construção das músicas, mas o que não for vamos libertar o mais possível”, acrescentou o músico, considera não fazer sentido “reviver as faixas como eram há 20 anos”.

“As que crescerem connosco, ótimo. As que não crescerem, não as tocamos”, adiantou, o que leva a que faixas de “Comum”, como “Espécie” ou “Combat”, também sejam incluídas no concerto, para além da estreia de um novo tema original.

“Queremos ver uma canção nova, a partir de um texto da Regina Guimarães. Será uma boa ocasião para fazer um original, um inédito, que seja um extra, e aproveitar para o estrear no Rivoli”, assegurou a cantora.

Uma das preocupações dos dois músicos prendia-se com uma interpretação “mais livre em forma” dos temas de “Guia Espiritual”, até pela atualidade que têm.

“Há algumas [faixas] que mantêm atualidade e outras que não. Essas que não mantêm, não vamos tocá-las”, resumiu Alexandre Soares.

Os planos da dupla não ficam pelo Rivoli, uma vez que “há várias hipóteses” de fazer mais concertos com os ‘Tigres’, além de um concerto de Osso Vaidoso, no Theatro Circo, em Braga, no mês de junho, que contará com convidados como Tó Trips, Pedro Oliveira ou B Fachada numa atuação que será gravada “para depois trabalhar em estúdio”.

Ana e Alexandre estão ainda a colaborar na nova criação da coreógrafa Né Barros, a estrear em abril no Teatro Nacional São João, bem como num disco sobre poemas de Mário Cesariny, depois de um convite da Fundação Cupertino de Miranda.