“O Natal do Sr. Scrooge” ou “Um Conto de Natal” é, segundo aquela sala lisboeta, “um dos mais conhecidos contos da literatura universal e o mais conhecido conto de Natal”, adaptado por Ricardo Neves-Neves, “focada na criação de um ambiente de fantasia e apreço por esta tradição universal, pretendendo-se assim procurar materiais dramatúrgicos válidos para a construção de um espetáculo tocante e sensível à imaginação e fantasia infantil”, segundo a mesma fonte.

A peça tem música original de José Peixoto, e conta com a participação do Coral Polifónico de Ponte de Sor, dirigido pelo maestro Rui Martins Picado.

Em declarações à agência Lusa, Maria João Luís referiu-se à preparação do texto “como uma festa” e a “vontade muito grande de trazer alguma coisa de novo ou diferente ao ‘Conto de Natal’, e daí a introdução deste coral sinfónico que canta os três fantasmas, que levam o senhor Scrooge a fazer uma viagem introspetiva da sua vida”.

A “novidade deste ‘Conto de Natal’ é o coral sinfónico, que pode ser visto como uma analogia com o coro nas tragédias gregas”, só que na encenação de Neves-Neves e Maria João Luís, o “coro” não antecipa a ação dramática como é característica das tragédias clássicas, antes faz uma viagem ao passado do avarento senhor Scrooge.

Para a encenadora “não há muito a renovar no texto de Dickens” pela sua atualidade, “tanto mais que na base, na génese das sociedades estão sempre o mesmo tipo de coisas, principalmente quando falamos da miséria, do capitalismo, da cegueira da ganância e da sede de poder”.

O elenco da peça é composto por Emanuel Arada, José Leite, Inês Mourão Pinelas, Pedro Mendes, Teresa Coutinho, Teresa Faria, Basareu Prates, Lucas Luís, Rui Lopes, Sofia Duarte, Salvador Farinha e Tiago Esculcas.

Segundo a narrativa de Dickens, o senhor Scrooge é um homem avarento que abomina a época natalícia, e trabalha num escritório em Londres com o seu empregado, um pai de quatro crianças. Numa véspera de Natal recebe a visita do espírito do seu ex-sócio Jacob Marley, morto sete anos antes nesse mesmo dia. Marley diz-lhe que não pode descansar em paz, já que não foi bom nem generoso, mas que Scrooge terá a sua oportunidade e que três espíritos o visitarão. Depois da visita destes três espíritos, Scrooge amanhece como um novo homem, passa a amar o espírito do Natal e a ser generoso com os que precisam, incluindo o seu infeliz empregado.

Maria João Luís considera que “é urgente” a arte, “falar do que se passa, da crise que todos atravessamos”, mas reconhece que “ainda lhe custa pensar o que se está a passar”.

“Este papel é inegável aos artistas na sociedade”, rematou a encenadora.