“Ainda não há muito tempo o download digital era encarado como o futuro. Poucos teriam previsto que o formato disco, inventado em 1948 através de prensagem numa peça de plástico, ultrapassassem agora as vendas em 2016”, frisa, em comunicado, o diretor Associação dos Retalhistas de Entretenimento (ARE) do Reino Unido, Kim Bayley.

Segundo os dados revelados pela ARE, as vendas de discos vinil renderam 2,3 milhões de euros no Reino Unido, enquanto os downloads de música registaram vendas na ordem dos dois milhões. A associação britânica explica que as compras legais de música online têm vindo a descer com o crescimento dos serviços de streaming. Porém, a venda do formato físico tem aumentado.

De acordo com a Associação dos Retalhistas de Entretenimento, na mesma semana em 2015, as vendas digitais registaram um lucro de 4,1 milhões, ao mesmo tempo que os vinys registaram 1,1 milhão.

“Esta é mais uma mostra da capacidade dos fãs de música de nos surpreenderem a todos”, sublinha o diretor Associação dos Retalhistas de Entretenimento, que explica que a venda de vinys na cadeia de supermercados Tesco ajudou no crescimento.

Porque compramos discos vinil? A hipermodernidade explica

Para Gilles Lipovetsky, revisitar e recuperar fragmentos do passado é uma das características mais marcantes da hipermodernidade. O filosofo francês defende que a sociedade atual sente necessidade de invocar a memória de forma nostálgica, adaptando-a ao presente.

O interesse por discos vinil e, por exemplo, máquinas fotográficas antigas ou efeitos nas fotografias que transmitem a ideia de passado são características da época atual. "O que define a hipermodernidade não é exclusivamente a autocrítica dos saberes e das instituições modernas; é também a memória revisitada, a remobilização das crenças tradicionais, a hibridização individualista do passado e do presente", defende Lipovetsky, acrescentando que os "fragmentos do passado são recuperados" e adaptados à atualidade.