O espólio da programação do Theatro Circo ao longo dos seus 100 anos é um "espelho" da história do país que se pode ver na exposição "O Theatro e a Programação", no salão nobre da casa de espetáculos bracarense.

Inaugurada esta quinta-feira, 21 de janeiro, a exposição é o "terceiro momento" do Projeto Memória, com que o Theatro Circo assinala 100 anos de história, e pretende levar quem a visita "numa viagem pelos momentos do Theatro enquanto sala de espetáculos mas também enquanto reflexo da história contemporânea", segundo explicou à Lusa a curadora da exposição, Andreia Garcia.

"O Theatro Circo acaba por ser um espelho daquilo que se pratica a nível cultural. À semelhança de qualquer espaço cultural que receba artes de palco, acabamos por ver a programação como espelho do que se passa na Europa e o Theatro não é exceção", apontou.

Pelo palco da "sala de visitas" do Minho, como também é referenciado o edifício, passaram "nomes grandes" da música, como Guilhermina Suggia, Amália Rodrigues, Zeca Afonso, filmes que fazem parte da história do cinema português, como Pátio das Cantigas, Costa do Castelo, Aniki Bóbó, mas ali ocorreram momentos políticos marcantes.

"O que não deixa de ser interessante porque alguns dos momentos políticos que foram vividos no Theatro eram da oposição democrática. Eram também exibidos filmes de propaganda nos intervalos, nomeadamente sobre a participação portuguesa em palcos de guerra", salientou a curadora.

A programação do Theatro Circo tinha ainda um "especial cuidado" de permitir acesso à cultura a quem, por regra, não podia pagar esse acesso.

"Havia programação para pobres. É uma forma crua de o dizer mas é o que era. Os bilhetes não eram acessíveis a todos, ainda hoje não o são, e o Theatro organizava matinés, sessões noutros horários para quem não podia pagar a sessão normal", revelou Andreia Garcia.

Na exposição, o público terá acesso a 136 peças da programação do Theatro Circo, espólio reunido em parceria com a Biblioteca Municipal de Braga.

"Por exemplo, é possível ver a contraposição entre o primeiro cartaz de programação do Theatro, com a peça "A Rainha das Rosas", com que o foi inaugurada a sala, e o cartaz dos 100 anos, com o Rodrigo Leão", salientou Andreia Garcia.

A exposição "O Theatro e a Programação" vai estar patente até 20 de fevereiro, de terça-feira a sábado, entre as 14h30 e as 18h30, a entrada é livre.