Numa mensagem divulgada pelo Ministério da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes apresenta as condolências, em seu nome e do Governo, à família do fadista, falecido no sábado, aos 88 anos, em Lisboa.

Para o ministro da Cultura, Vicente da Câmara foi "um exemplo para gerações de fadistas ao deixar uma obra única que, honrando a tradição nobre do fado, soube sempre ser popular".

"Como Vicente da Câmara cantava no 'Fado Antigo', enquanto as guitarras tocarem, as saudades serão evocadas", acrescenta o ministro na nota de pesar.

Entre outros prémios, Vicente da Câmara foi distinguido em 2013 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira e tinha um percurso artístico com mais de 60 anos, que iniciou na extinta Emissora Nacional.

Tornou-se conhecido, entre outros êxitos, pelo fado “A moda das tranças pretas”, e do seu repertório constam ainda temas como "Sino", de sua autoria, "As cordas de uma guitarra" ou "Outono", com letra de seu pai, "Triste mar", "Maldição" e "Menina de uma só trança".

Em 1964 estreou-se no cinema, em "A última pega", de Constantino Esteves, protagonizado por Fernando Farinha, no apogeu da carreira, e contracenando com Leónia Mendes, Júlia Buisel e José Ganhão.

Voltou ao cinema em 2007, sob a direção de Carlos Saura, em "Fados", e ao lado de Carminho, Ricardo Ribeiro, Mariza, Camané e Carlos do Carmo, entre outros.

O fadista, um dos fundadores da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), integrou o elenco do espetáculo de inauguração do Museu do Fado, em 1998. Atuou na Alemanha, Luxemburgo, França, Espanha, Países Baixos, Canadá, África do Sul, Macau, Hong Kong, Coreia do Sul, Malásia, Brasil, Moçambique e Angola.

Em 1993, gravou com José da Câmara e Nuno da Câmara Pereira o álbum "Tradição" (EMI/VC), em homenagem à tia Maria Teresa de Noronha.

"O rio que nos viu nascer" (2006) é o mais recente álbum de Vicente da Câmara (Ovação).

O fadista foi hoje sepultado no cemitério dos Prazeres, em Lisboa.