Os concertos de Patxi Andión estão previstos para Lisboa, no Centro Cultural de Belém, no dia 02 de junho, na Casa da Música, no Porto, no dia 05, e no dia 28 de junho em Évora, no âmbito da Feira de São João.

Para Patxi Andión, que foi amigo de José Afonso, falecido há 30 anos, estes espetáculos não pretendem ser uma homenagem, antes “um reconhecimento” pela obra do criador de “A morte saiu à rua”.

"Há muito da vida e da obra de Zeca que vive em mim", disse Patxi Andión.

Segundo a sua produtora, o autor de “A quien le importará”, “propõe-se reunir amigos, muitos dos quais foram próximos de José Afonso, reunir canções aprendidas na discografia de Zeca, como ‘Venham Mais Cinco’ ou ‘Traz Outro Amigo Também’, tão importantes para a história moderna, e celebrar a liberdade”.

“À obra de José Afonso juntam-se, obviamente, os momentos mais celebrados da própria discografia de Patxi Andión, feitos do mesmo fervor, que é um amor imenso por uma liberdade total. Canções, como as de Zeca, que também carregam histórias, memórias e uma identidade de um povo”, disse à agência Lusa fonte da produtora Uguru.

O músico espanhol em 2014 atuou em três salas nacionais, tendo nesse ano editado o álbum “Cuatro Días de Mayo”, o seu primeiro disco gravado ao vivo.

O CD, no qual o músico é acompanhado por uma banda, foi gravado durante os concertos efetuados na Guarda e na Figueira da Foz, em maio de 2011, e nele inclui a balada “Minh’alma de amor sedenta”, do fadista António dos Santos (1919-1993).

O músico espanhol conheceu o fadista português na década de 1960, por intermédio de um amigo: “Fui até Alfama, conheci-o nessa ocasião e, logo ali, cantámos a noite toda. E sempre que vinha a Lisboa, estávamos juntos. Faço questão, sempre que venho a Portugal, de cantar dois ou três temas do António dos Santos”.

Além de António dos Santos, Andión afirmou a sua admiração por José Afonso, Fausto e José Mário Branco, “entre muitos outros”.

“A minha relação com Portugal, a música e a língua portuguesas é de absoluto amor e uma paixão, que existe desde a década de 1960”, disse o músico na ocasião, numa entrevista à Lusa.

Fazendo questão de se expressar em Língua Portuguesa, o "cantautor" madrileno, de ascendência basca, afirmou que sempre viu “Portugal como um território livre, sobretudo depois do 25 de Abril de 1974”.

“Muito especialmente depois da Revolução dos Cravos, em que passei a sentir que, de facto, as pessoas gostavam francamente e compreendiam o que eu fazia”, disse.

Nos seus recitais em Portugal, afirmou o músico, faz sempre questão de incluir temas em português.

“Nos passarán la cuenta”, “La jacinta”, “…Y es mar”, “Com toda la Mar detrás”, “Um dos três”, “Canción Social”, “Cómo explicarte” e “El maestro”, são algumas das canções do repertório de Andión.

Patxi Andión, de 69 anos, estreou-se em Portugal em 1969, no programa televisivo “Zip-Zip”, de Raul Solnado, José Fialho Gouveia e Carlos Cruz. A sua relação com o regime ditatorial de então não foi fácil, tendo sido expulso pela PIDE, a polícia política do regime, várias vezes.

O poeta José Carlos Ary dos Santos traduziu alguns dos seus poemas, que a cantora Tonicha gravou, ainda antes da Revolução dos Cravos.

O primeiro concerto do músico espanhol em Portugal realizou-se a 24 de março de 1974, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a um mês do levantamento militar que levaria à queda da ditadura e poucos dias antes do I Encontro da Canção Portuguesa, da Casa da Imprensa, que desafiaria o regime com "Grândola, Vila Morena".

Segundo as crónicas jornalísticas da época, o Coliseu esgotou para ouvir Patxi Andión.

Em 2007, participou no álbum “Para além da saudade”, da fadista Ana Moura, produzido por Jorge Fernando.

Em dezembro de 2013 apresentou o álbum "Porvenir", na Casa da Música e no Centro Cultural de Belém, em dois concerto esgotados.