«Arrábida - da Serra ao Mar» é um filme de história natural sobre a vida selvagem e outras riquezas naturais desta região de Portugal. Estreia este domingo, 6 de janeiro, na SIC.

Esta é a história de animais, plantas e fenómenos geológicos, mas não só. É também a história de dois fotógrafos de natureza que se quiseram lançar numa aventura maior. O filme de história natural «Arrábida - da Serra ao Mar» nasceu da vontade de Ricardo Guerreiro e Luís Quinta produzirem conteúdos nacionais com temáticas de história natural e com uma abordagem muito pouco tradicional em Portugal, apresentando apenas vida selvagem. A Arrábida é assim protoganista de um episódio que evoca o melhor que nos habituámos a ver em documentários da National Geographic.

Após filmagens esporádicas durante os últimos quatro anos, no início de 2012 os fotógrafos escreveram um argumento e definiram os sujeitos principais para filmar durante esse ano.

«Os intervenientes são os animais selvagens, as plantas e os fenómenos geológicos, que se reúnem nesta zona e criam um rico recanto onde a natureza ainda prospera», explica Ricardo Guerreira numa nota sobre o filme que agora estreia em televisão. «É uma história sobre o que há de belo e, por vezes, único na Arrábida, em que o foco são as histórias de vida destes protagonistas na esperança que o público conheça, ame e, no limite, se interesse pela sua conservação».

O resultado final está ao nível do que melhor se faz nesta área em todo o mundo mas as condições em que Ricardo Guerreiro e Luís Quinta trabalharam ficaram longe das grandes produções. «Com grandes limitações orçamentais, as saídas de campo tinham de ser bem programadas e objetivas», explica Ricardo.

O resto foram muitas e longas horas à espera de um animal ou a explorar os arredores. Foram, conta Ricardo, «horas de prospeção, de binóculos em punho, a estudar os movimentos das aves e outros seres».

As imagens únicas que o documentário apresenta são ainda fruto de algum engenho. «Para algumas histórias foi necessário montar câmaras remotas. Com a rosa-albardeira, por exemplo, quisemos fazer um lapso temporal com movimento de câmara, do processo da flor a desabrochar… Foi necessário montar uma base para que a calha onde a câmara se desloca estivesse sempre com o mesmo alinhamento nas várias alturas em que planeamos lá ir. Conseguimos planos interessantes na fase inicial mas na fase final chegámos ao local e não havia rosas-albardeiras; tinham sido comidas por algum animal».

Outra preocupação dos autores foi o foco nos detalhes da vida animal e na história do contexto que as envolve e do seu dia-a-dia.

«Não pretendíamos apresentar um catálogo de espécies, por assim dizer, nem uma sequência de planos com informação meramente enciclopédica», conta Ricardo.

«Arrábida- da Serra ao Mar» quer mostrar que a beleza do mundo natural pode estar mais perto do que julgamos. E se, no caminho, Ricardo e Luís conseguirem sensibilizar as pessoas para cuidar mais e melhor da natureza que as rodeia, tanto melhor.

Sobre os autores

Ricardo Guerreiro é fotógrafo e documentarista de história natural. Nasceu na Madeira, em 1977. O seu hobby, a ornitologia, direcionou o seu percurso profissional para projetos de Natureza. Ao longo do seu percurso profissional tem ministrado vários cursos de fotografia e publicado fotografias em revistas e livros de natureza, como a revista Pardela ou o livro Natura 2000: Protecting Europe’s Biodiversity.

Luís Quinta nasceu em Lisboa em 1965. Ao longo dos 20 anos de carreira publicou mais de um milhar de artigos, reportagens e trabalhos fotográficos na imprensa nacional (por exemplo: National Geographic Magazine, Visão, Rotas do Mundo, Grande Reportagem, Volta ao Mundo, Rotas eDestinos, Público, Expresso, Diário de Notícias, entre muitos outros). Em 2009 é convidado para membro do International Environment Photographers Association tendo participado em diversas exposições no Japão.

No ano de 2012 venceu a categoria Plantas e Fungos no Concurso Internacional de Fotografia de Natureza - ASFERICO - Itália.

@Vera Moutinho