“As gravações da 2.ª temporada da série da RTP ‘Ministério do Tempo’, produzida pela Just Up, estão neste momento paradas. Havendo vencimentos em atraso”, afirma o CENA, adiantando que “decidiram os trabalhadores interromper a produção, faltando ainda gravar seis episódios para completar a 2.ª temporada”.

O sindicato afirma que, tendo sido informado pelos trabalhadores, entrou “desde logo em contacto com a Just Up para encontrar resolução breve, no entanto, a produtora não respondeu”.

O CENA afirma que não tomou antes uma posição pública para não prejudicar “diligências” que estavam a ser feitas para “desbloquear” a situação.

Também hoje, na rede social Facebook, o ator António Capelo e a atriz Mariana Monteiro, dois dos protagonistas da série, tornaram pública uma carta em que dá conta do caso.

Na carta que é também assinada pelos atores Luís Vicente, João Craveiro, Andreia Dinis, Mariana Monteiro, João Vicente, Samanta Castilho, Carla Andrino e Ângelo Rodrigues, são referidos vários percalços pelos quais a série passou, ainda durante a primeira temporada, a cargo da produtora Iniziomédia, e já nesta segunda temporada, a cargo da produtora JustUp, com atraso no pagamento dos ordenados.

“Mas e mais uma vez, os ordenados não são pagos no final do mês [maio]. Voltámos a parar e, ao fim de um mês, a situação não está sequer em vias de resolução”, lê-se na carta.

“Das informações que dispomos, estimamos em cerca de 60, os trabalhadores que neste momento têm vencimentos em atraso e de que fazem parte atores do elenco fixo e adicional e elementos da equipa técnica”, afirma o CENA, adiantando que “conseguiu também apurar que os valores em dívida respeitantes ao mês de maio chegam às centenas de milhares de euros”, e acrescenta que “alguns trabalhadores da primeira temporada não têm também a sua situação regularizada”.

“Esta situação é da total responsabilidade da Just Up, mas parece-nos importante que a RTP tome uma posição sobre este assunto”, lê-se no comunicado sindical.

Um responsável do sindicato disse à agência Lusa que “tudo irá ser feito no sentido de regularizar a situação”, sem ter pormenorizado.

O CENA refere que, “no audiovisual, infelizmente, estas situações vão-se repetindo com alguma regularidade”.

Os atores, na carta que assinam, deixam uma advertência: “Gostaríamos de deixar um forte alerta a todos os companheiros de profissão sobre o risco que corremos ao aceitar convites para trabalhar com algumas produtoras que, infelizmente, não merecem a dedicação dos profissionais que tudo fazem a bem do seu trabalho, e, deixar um apelo à direção da RTP para que não nos deixe à mercê daqueles que, a coberto de uma maior oferta no mercado audiovisual, se apresentam a concurso sem as condições mínimas para exercerem dignamente esta atividade”.

Na mesma carta, os atores afirmam que se dispensam “de tecer comentários sobre o caráter de cada um dos sócios da JustUp e de eventuais desentendimentos internos na produtora”.

O CENA salienta que “a situação destes profissionais é ainda mais delicada tendo em conta os vínculos precários com que estavam a exercer as suas profissões”. São trabalhadores, segundo o CENA, “por conta de outrem, só um contrato de trabalho lhes garante os seus direitos, e facilita, neste caso, a recuperação das remunerações em falta”.