Dezesseis anos depois da exibição do último episódio da produção colombiana que conquistou vários países e teve várias versões, Beatriz Aurora Pinzón Solano deverá enfrentar novos desafios na Ecomoda, a empresa na qual trabalha como secretária e onde vive uma eterna paixão por seu patrão, o neurótico Armando Mendoza.

"É um presente para o público, para todos os fãs da Betty e para nós também. É uma oportunidade de retomar algo que significou tanto para todos nós", declarou à AFP Ana María Orozco, a atriz que vai interpretar novamente a personagem que conquistou o carinho dos telespectadores.

O último capítulo da telenovela, o maior sucesso de todos os tempos pelo Guinness World Records, foi visto na Colômbia em maio de 2001 e mostrou o casamento de Armando, interpretado por Jorge Enrique Abello, e Betty, que passa por uma renovação de visual e fica bonita.

"A obra é um novo capítulo de cerca de uma hora e meia que se passa durante a falência da Ecomoda e das tentativas de Betty - ainda feia - para a salvar", conta Natalia Ramírez, que vive Marcela Valencia, a noiva de Armando e uma das vilãs da história.

Ramírez, produtora do projeto, explica que a peça foi criada para que atraia a atenção dos fãs ou mesmo de quem nunca tenha visto a novela.

"Tentámos fazer um espetáculo completo, utilizando todos os elementos do teatro", assegurou, por sua vez, Mario Ribero, o realizador da novela e agora encenador da peça, acrescentando que a essência de cada personagem foi preservada.

A ideia de levar a novela para os palcos surgiu há 15 anos, mas o projeto não avançou. "Na ocasião, estávamos todos muito cansados e todos queriam espairecer", explicou Ramírez.

Mas, em agosto passado, ele reuniu-se com o autor de "Betty", Fernando Gaitán, que aceitou o projeto apenas se todo o elenco fosse reunido.

Digressão internacional

Ramírez aceitou a tarefa e convenceu todos os 15 atores originais. Alguns não puderam aceitar devido a compromissos anteriores, como Mario Duarte (Nicolás Mora, o amigo feio de Betty) e Ricardo Vélez (o sedutor Mario Calderón).

Gaitán entregou o texto final um mês depois e agora, além da digressão nacional, já pensam em viajar para outros países, como Estados Unidos, México, Argentina e Chile, onde a novela fez muito sucesso e teve versões locais.

"Isto é como 'Chávez', estamos perante uma obra mítica, que conquistou o mundo", afirma Julián Arango, que interpreta de novo Hugo Lombardi, o mordaz e cruel estilista com medo de pessoas feias.

O elenco concorda que que Betty se tornou um clássico. A novela foi transmitida em mais de 120 países, incluindo o Brasil, e teve pelo menos 28 adaptações, um 'spin-off' ("Ecomoda") e até uma versão animada. Nos Estados Unidos, transformou-se numa série, "Ugly Betty", com America Ferrera no principal papel, e chegou mesmo a haver planos de a levar ao cinema. .

Apesar de a peça ter novos personagens, como um empresário italiano que se envolverá com o "Quartel das Feias", o grupo cómico de secretárias e amigas incondicionais da protagonista, algumas ausências e atores substitutos, a fórmula de sucesso não sofreu variações.

"Betty continua a ser Betty, a rapariga feia", conclui Abello.