Em comunicado, a televisão pública ucraniana, avança que a cantora não poderá subir ao palco da Eurovisão em maio porque, de acordo com as informações dos serviços de segurança, atuou "ilegalmente" na Crimeia após "a ocupação da região pela Rússia".

Depois da decisão das autoridades ucranianas, a organização do Festival Eurovisão da Canção tentou conversar com os governos dos dois países para tentar resolver a situação. Em comunicado partilhado esta quinta-feira, 23 de março, a UER esclarece que objetivo é ter todos os candidatos em Kiev mas, se a proibição de entrada no país aplicada à candidata russa, Julia Samoilova, não for suspensa, a mesma será autorizada a atuar via satélite.

"Oferecemos à Channel One Rússia a oportunidade para a Julia atuar ao vivo via satélite, uma vez que intenção da UER é que todos os radiodifusores que decidiram participar na Eurovisão o façam, tal como aconteceu em todos os eventos anteriores", frisa a organização em comunicado.

"Se a canção russa se qualificar para a grande final será aplicada a mesma solução Isto é algo que nunca foi feito antes em 60 anos de concurso mas, no espírito dos valores eurovisivos de inclusão, e como o tema deste ano de celebrar a diversidade, a decisão foi tomada para assegurar que os 43 participantes têm a oportunidade de participar", acrescenta a organização.

Na nota partilhada no site oficial, Frank-Dieter Freiling, presidente do festival, manifesta ainda a sua esperança de que o governo ucraniano mude de ideias, possibilitando a entrada de Julia Samoilova no país.

Jon Ola Sand, supervisor executivo da Eurovisão, explica ainda em comunicado que continua o "diálogo com as autoridades ucranianas com a ambição de ter todos os artistas presentes na cidade anfitriã". "É imperativo que o Festival da Eurovisão se mantenha livre de políticas como estas. Dadas as circunstâncias envoltas do banimento da Julia, sentimos que era importante propor uma solução que transcendesse estes problemas", frisa.

O The Guardian avança que a Ucrânia, país que venceu em 2016 o festival, já tinha avisado que iria impedir a entrada dos cantores russos considerados anti-ucranianos. Em fevereiro, a SBU emitiu uma lista de 140 artistas russos que estariam proibidos de entrar no país e onde constava o nome de Julia Samoilova.

Julia Samoilova conquistou os jurados do concurso local, organizado pela estação russa de televisão Pervy Kanal, com o tema "Flame is Burning", garantindo assim um lugar no Festival da Eurovisão deste ano.

Esta não é a primeira vez que existe tensão entre os dois países na Eurovisão. No ano passado, a  concorrente ucraniana, Jamala, apresentou "1994" no festival, canção sobre a história dos seus avós, que foram deportados da Crimeia para a Sibéria na era de Estaline. A cantora acabou por vencer a edição de 2016 com o tema dedicado aos milhares de muçulmanos que não conseguiram sobreviver à travessia até à Ásia Central.

A Rússia, que anexou a Crimeia em março de 2014, viu na vitória ucraniana “subentendidos políticos” e protestou contra a participação do país no festival.

A Eurovisão está marcada para maio, em Kiev. Salvador Sobral foi o cantor escolhido para representar Portugal no festival.