Salvador Sobral, com "Amar pelos Dois", venceu o Festival Eurovisão da Canção, em maio.Como manda a tradição, em 2018 o evento irá realizar-se em Portugal. Segundo a RTP, o plano de preparação do festival já está em marcha e irá durar um ano, mas o local o realizar ainda não foi escolhido.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, Gonçalo Reis, presidente da RTP, confirmou que já fez visitas técnicas a Lisboa, Gondomar, Santa Maria da Feira e Braga, as quatro cidades que apresentaram candidatura para receber o evento.

"Há muito interesse comercial, [mas] ainda estamos numa fase de trabalhar o conceito", frisou o presidente do canal público, revelando que a RTP tem sido contactada por várias autarquias que pretendem receber a Eurovisão.

Gonçalo Reis explicou ainda que o operador público já tem "um modelo definido" de custos. "Todas as Eurovisões implicam envolvimento das autarquias, do turismo e também um esforço de trabalhar com patrocinadores privados e anunciantes", frisou, acrescentando que "a RTP tem de fazer como o Salvador Sobral e demonstrar que 'menos é mais'".

Em Portugal, custos abaixo da média?

Portugal pode entrar na história da Eurovisão, organizando o festival da canção a custos inferiores à média dos últimos cinco anos, que ronda os 25 milhões de euros, defendeu o investigador Jorge Mangorrinha, em declarações à agência Lusa.

Para o professor universitário, investigador, autor e coordenador de vários estudos sobre os festivais da canção, o Eurofestival, em Portugal, deve ser organizado “criativamente, com base num orçamento mais baixo do que a média dos últimos cinco anos, para que se quebre a tendência para valores elevados, e até para que, no futuro, todos possam ser capazes de sediar” o acontecimento.

O investigador da Universidade Lusófona, com doutoramento e pós-doutoramento nas áreas de Urbanismo e Turismo, que nos últimos dois anos efetuou um estudo sobre como Lisboa se deverá preparar para receber o festival, cita a edição de 2012, em Baku, no Azerbaijão, como uma das que teve orçamento mais elevado, com custos "acima dos 55 milhões de euros”, incluindo a construção de “uma nova arena de espetáculos”.

A partir desse ano, os valores desceram, afirma o investigador, exemplificando com os 42,4 milhões de euros gastos em Copenhaga, em 2014, os 38,5 investidos em Viena, em 2015, os 30 milhões investidos este ano em Kiev, e os 14 milhões gastos em Estocolmo, em 2016, o valor mais baixo dos últimos cinco anos.

Ou seja, a média dos custos de organização do festival, nestes anos, ronda os 25 milhões de euros, valor em que Portugal se pode basear, ou que pode mesmo baixar, através de "uma aposta minimalista, mas imaginativa" e “de parcerias”, que permitam organizar o certame com uma verba que Mangorrinha acredita poder ser “recuperada a curto, médio e longo prazo”, até porque "o investimento passa também pela rede ‘eurovisiva’ e pelas empresas, e não só pela RTP e pelo município".