“A Netflix não estará envolvida em mais nenhuma produção de ‘House of Cards’ que inclua Kevin Spacey. Continuaremos a trabalhar com a MRC [a produtora Media Rights Capital] durante esta interrupção para avaliar o nosso futuro caminho no que toca à série”, indicou a plataforma digital em comunicado.

A referida interrupção é a atual paragem das gravações da série devido às denúncias de assédio sexual contra Kevin Spacey, protagonista de “House of Cards”.

Segundo o The Hollywood Reporter, os guionistas da série estarão a introduzir mudanças no guião da sua sexta e última temporada precisamente para que a história não inclua Frank Underwood, o personagem interpretado por Kevin Spacey.

Horas antes, a revista especializada Variety apontava na mesma direção, citando fontes que asseguram que os produtores da série estão a estudar a possibilidade de “matar” o personagem para que não apareça na próxima temporada.

A Netflix também decidiu afastar-se do filme sobre o escritor norte-americano Gore Vidal, autor de obras como “Lincoln” ou “Império”, que morreu em 2012, que o ator acabou de gravar e que inicialmente ia ser emitido pela plataforma digital.

“Também decidimos que não vamos dar seguimento ao lançamento de ‘Gore’, que estava na fase de pós-produção, protagonizada e produzida por Kevin Spacey”, indicou a empresa, num comunicado citado pelas agências internacionais.

Segundo testemunhos recolhidos pelo The Hollywood Reporter, o guião da sexta e última temporada de “House of Cards” estava praticamente finalizado antes de o ator Anthony Rapp ter acusado Kevin Spacey, no passado domingo, de assédio sexual, dando conta de um caso que remontará ao ano de 1986, quando ambos tinham 14 e 26 anos, respetivamente.

A publicação indicou que os dois primeiros capítulos dessa nova temporada já tinham sido gravados e que a preparação do terceiro estava em curso quando o escândalo estalou.

A rodagem da série foi suspensa por tempo indeterminado pela plataforma digital pouco depois de serem conhecidas as denúncias contra Kevin Spacey, duas vezes vencedor do Óscar.

Fontes da revista detalharam que essa paragem, que poder-se-á prolongar-se por mais de duas semanas, deve-se ao facto de os responsáveis da série quererem dar margem aos guionistas para introduzir as mudanças necessárias no guião para fazer desaparecer dele Spacey, que também é produtor executivo da série.

Segundo a CNN, oito atuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção da série, por causa do assédio sexual.

A primeira denúncia, feita por Anthony Rapp, levou Kevin Spacey a assumir a sua homossexualidade e também a garantir que não se recordava do episódio relatado pelo ator apesar de ter dito que, se realmente aconteceu, lhe devia “sinceras desculpas” pelo seu comportamento.

“Honestamente, não me lembro do encontro, deve ter sido há mais de 30 anos, mas se eu me comportei como ele descreve, devo-lhe sinceras desculpas pelo que deve ter sido um comportamento de bêbado, profundamente inadequado, e eu lamento muito pelos sentimentos que descreve ter carregado durante todos estes anos”, escreveu na rede social Twitter.

Nova acusação diz que Kevin Spacey tentou violar outro rapaz de 15 anos

Um ator afirmou, sob anonimato, que a estrela de Hollywood o tentou violar quando ele tinha 15 anos.

Numa longa entrevista à revista Vulture, o homem descreve como, aos 12 anos, conheceu Spacey, então com 22, num curso de teatro e que dois anos depois o encontrou durante um festival em Nova Iorque e começaram uma relação.

Na época, o jovem tinha 14 anos e, segundo relatou, tudo estava bem até que um dia no seu apartamento o ator tentou violá-lo, mas recorrendo à força o rapaz conseguiu afastá-lo.

Outras acusações foram apresentadas pelo realizador Tony Montana, o ator mexicano Roberto Cavazos e um ex-funcionário do teatro londrino Old Vic.

Um porta-voz do ator afirmou à imprensa que Spacey vai submeter-se a tratamento.

Scotland Yard investiga caso de agressão sexual que envolve Kevin Spacey

A polícia britânica Scotland Yard está a investigar Kevin Spacey depois de um ex-funcionário do teatro londrino Old Vic, do qual o ator foi diretor artístico durante 11 anos, ter revelado que foi vítima de assédio sexual por parte do protagonista de "House of Cards".

Segundo o The Guardian, as autoridades londrinas receberam esta quarta-feira, 1 de novembro, uma denúncia de abuso sexual, que foi encaminhada para o departamento de abuso e ofensas sexuais contra menores de idade.

Ao jornal britânico, o ex-funcionário confessou sob anonimato que viu Kevin Spacey a "passar a mão em homens em várias ocasiões em todo o tipo de situações". "Aproveitava-se do facto de ser uma grande estrela. Tocava nos homens entre as pernas, fazendo-o rapidamente para que não se pudessem afastar do seu caminho", explicou.

"O que me incomoda é a hipocrisia de lugares como o Old Vic que agora afirmam que não sabiam de nada", acrescentou.

Rebecca Gooden, bolsista no Old Vic em 2010, contou ao The Guardian que as histórias sobre o comportamento de Spacey, de 58 anos, eram muito conhecidas no teatro dirigido pelo ator entre 2004 e 2015. Segundo lhe terão contado, a administração do local passou a negar candidaturas de vários jovens "bonitos" para qualquer cargo depois dos incidentes relacionados com Spacey.

"Havia uma piada recorrente sobre o tema. Disseram que eu não tinha o direito de falar dele fora do teatro. O facto de o teatro ter escolhido alegar que não sabia de nada enoja-me".

Contactado pela AFP, o Old Vic afirmou num e-mail que "não está atualmente em condições de comentar o que poderá ter acontecido no passado".

O teatro disse ter criado na terça-feira um e-mail para onde as pessoas podem enviar queixas a respeito de um possível comportamento impróprio de Spacey.

"Desde que abrimos esta linha de comunicação confidencial, comprovamos a grande vantagem desta nova política de abertura e partilha segura de informação. Ajudamos, apoiamos e estimulamos a importante troca cultural iniciada na indústria", acrescentou o Old Vic.

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