John Oliver, de 39 anos, regressa no domingo, 12 de fevereiro, com a quarta temporada do seu premiado programa na HBO, "Last Week Tonight", num momento em que presidência de Donald Trump é acusada de testar os limites da  liberdade de expressão e de imprensa.

Provavelmente mais que qualquer outro apresentador, Oliver ocupou o espaço deixado livre por Jon Stewart, o humorista norte-americano que transformou a sátira política do país até se reformar do programa "The Daily Show", em 2015, quando Trump começava a sua caminhada para a Casa Branca.

E foi justamente no "The Daily Show" que Oliver ganhou fama. O programa ofereceu um emprego ao britânico de 2006 a 2014, ao início como "correspondente". Em 2013, Oliver substituiu Stewart como apresentador, quando o norte-americano se afastou por alguns meses para realizar um filme. Pouco depois, a HBO ofereceu-lhe a possibilidade de um programa próprio.

"Last Week Tonight" foi ao ar pela primeira vez em 2014. Atrás de uma bancada, de fato e gravata, John Oliver faz comentários ácidos sobre temas importantes como os créditos às compras de automóveis, as escolas "charter" (que recebem fundos do governo, mas são independentes do sistema público escolar, às vezes privadas) e o desperdício de comida.

"O ano passado foi bastante duro", disse Oliver durante uma entrevista a vários jornalistas em Nova Iorque. "Normalmente, temos algo sério e transformamos isso em algo idiota. Mas se já tem algo estúpido, como é que mostra às pessoas que isto é realmente mais importante do que parece? Este foi o problema ano passado", disse.

Agora, Oliver espera que um trabalho difícil, mas de outra maneira. O humorista afirma que a linguagem que vem da Casa Branca é "objetivamente perigosa", por exemplo quando Trump afirma que a imprensa é a oposição.

John Oliver também tem receio de dedicar muito tempo ao novo presidente. No ano passado, dedicou apenas oito de 30 programas a Trump e à campanha eleitoral. Na temporada de 2017, o apresentador explica que não deseja seguir "o caminho mais fácil de fazer com que tudo gire em redor de Trump".

Apesar de Oliver não esconder necessariamente as suas tendências de esquerda, acredita que o seu rigor permite que alcance uma audiência maior que a democrata e de centro.

"Gostaria que as pessoas que são totalmente opostas ao que eu posso ser politicamente consigam encontrar coisas interessantes no programa", frisou.

Apesar do número relativamente pequeno de britânicos que fazem sucesso na televisão norte-americana, John Oliver é um elemento ainda mais fora da caixa porque era praticamente desconhecido em Inglaterra. "Em geral, os comediantes são outsiders. É um olhar de fora. E provavelmente ajuda ser de um país diferente", defende.

Apesar de o seu trabalho muitas vezes ser comparado com o jornalismo, Oliver prefere distância da comparação. "É claro que não é jornalismo", afirma, antes de destacar, no entanto, que o seu programa depende do trabalho de repórteres.

"Não estou qualificado", declara. "Precisamos de pessoas que façam a reportagem e que esta reportagem apareça na televisão para que possamos fazer clipes sobre isto", resume.

O apresentador é também consciente de que a liberdade de expressão consagrada na Constituição norte-americana e o modelo da HBO, sem publicidade, dão-lhe uma margem muito grande e nada comum no momento de escolher seus alvos, como por exemplo as grandes corporações. "Não levo isto de ânimo leve, o que significa que quero aproveitar", sublinha.

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