Baseada no romance homónimo de Jorge Amado, a versão original de “Gabriela, Cravo e Canela” foi filmada em 1975 no Brasil e passou na RTP 1 em 1977, tendo sido a primeira telenovela brasileira a ser transmitida em Portugal.

Nascido a 20 de agosto de 1947 em Juazeiro, no norte do Brasil, José Wilker passou parte da infância no recife, para onde se mudou em criança com a mãe, Raimunda, dona de casa, e o pai Severino, caixeiro-viajante.

Começou a carreira no teatro, no Movimento Popular de Cultura (MPC) do partido Comunista, no qual dirigiu espetáculos pelo Sertão e realizou documentários sobre cultura de cariz popular.

Em 1967 mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar sociologia, mas acabaria por abandonar os estudos para se dedicar ao teatro.

Em 1970 ganhou o prémio “Molière”, de melhor ator, pela sua interpretação na peça “O arquiteto e o imperador da Assínia”, de Fernando Arrabal, tendo sido convidado pelo escritor Dias Gomes para integrar o elenco de “Bandeira 2”, a sua primeira interpretação em telenovela e que data de 1971.

Mundinho Falcão, a personagem que interpretou em 1975 na telenovela “Gabriela, Cravo e Canela”, uma adaptação de Walter George Durst do romance de Jorge Amado, foi um marco na carreira de José Wilker e na teledramaturgia brasileira, segundo os especialistas brasileiros.

Um ano depois entraria também no filme “Dona Flor e seus Dois Maridos”, em que também contracenou com Sónia Braga.

Interpretou também a personagem Rodrigo, da telenovela “Anjo Mau” (1976), de Cassiano Gabu Mendes, mas foi a de Roque Santeiro, personagem central da telenovela homónima escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva e gravada em 1985, que lhe granjeou maior fama.

Entre 1997 e 2002 dirigiu grande parte dos episódios de “Sai de Baixo”.

“Senhora do Destino” e a minissérie “JK” sobre o presidente Juscelino Kubitschek foram outras das séries em que participou.

Em 2012, José Wilker integrou ainda o elenco da reposição da telenovela “Gabriela, Cravo e Canela”, tendo interpretado o personagem Jesuíno Mendonça.

Em 2013 participa na novela “Amor à Vida”.

No cinema contam-se interpretações em filmes como “Os inconfidentes”, “O homem de capa preta”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Guerra de canudos”, “Xica da Silva”, “ Bye, bye Brasil”, entre outros.

Minisséries como “Anos Rebeldes”, “Agosto” e “A muralha” foram outros dos trabalhos que contaram com interpretações de José Wilker.

O ator escreveu ainda textos para revistas e jornais, foi diretor da Riofilme e comentou a cerimónia dos óscares durante vários anos.

Em Portugal, o ator celebrizou-se também em novelas como “Fera Ferida” (1993), “A Próxima Vítima” (1995), “Suave Veneno” (1999) e “Desejos de Mulher” (2002).

Numa entrevista à Lusa em 2011, José Wilker, convidado especial da 3.ª Edição do Douro Film Harvest, o ator diminuiu os efeitos que a crise financeira pode causar na produção artística portuguesa e previu um cenário ainda mais criativo durante a turbulência económica.

“Em relação à cultura e ao cinema em particular, com exceção de talvez um país, o normal, o comum, o diário, é que se viva em crise e é isso que faz a gente ir bem, porque a gente cria mais e melhor quando em crise”, defendeu, na altura.

Com 49 filmes e 29 telenovelas em seu extenso currículo, Wilker também enfrentou momentos complicados no cinema brasileiro que, disse na altura, “está permanentemente em crise”.

O ator viveu um ano em Portugal, na década de 90, quando filmou, a convite de João Canijo, ao lado de Rita Blanco, a longa-metragem “Filha da Mãe”.

@Lusa