Uma família aristocrata que, depois de regressar de um exílio, encontra um Portugal totalmente diferente. É este o mote de “O Alto”, série produzida por um grupo de jovens de Marco de Canaveses e que tem estreia agendada para 2016 na RTP2.

Quase três anos depois de terem abraçado o projeto de realizar uma série original , os Alphatones, associação cultural sem fins lucrativos de Marco de Canaveses, conseguem realizar o sonho de levar a série ambientada no pós 25 de abril de 1974 ao pequeno ecrã.

A ideia da série surgiu em 2012, segundo João Santana, um dos mentores do projeto. “Era urgente encontrar um exercício prático de formação para os nossos atores. E é isso que “O Alto” é. Um exercício. Um dos nossos receios sempre foi que as pessoas, quando vissem o projeto, não entendessem aquilo que somos. Um grupo de jovens com um sonho, sem muitos meios, que teimou em concretizar o que muitos diziam ser impossível”, contou o jovem de Marco de Canaveses ao SAPO MAG.

Depois de um apoio de um fundo de apoio europeu, a série começou a ganhar asas. “Com a minha prima Helena Macedo criámos a história, que decidimos que se passaria no pós 25 de abril por ser uma época que não vivemos e daí estarmos também nós a aprender sobre a nossa história e o nosso passado. Batemos a muitas portas e com apoio da Câmara Municipal de Marco de Canaveses e muitas outras instituições conseguimos angariar o necessário para que o projeto voasse”, explica João Santana.

A priori, o objetivo era finalizar a série e divulga-la online. Depois de algumas dificuldades de financiamento, o grupo apostou na promoção do projeto nos canais nacionais, para conseguir apoios para terminar as gravações de “O Alto”.

"Os atores são amadores em formação, a própria equipa de produção o é."

Depois de serem recebidos por Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha no programa “Você na TV” (TVI), os apoios para terminar a série surgiram e a ideia de levar a história até ao pequeno ecrã começou a ganhar força “A ideia era promovê-lo no Marco de Canaveses, e nunca a nível nacional”, relembra o jovem marcoense.

Inicialmente, nem todas as portas se abriram. Porém, Teresa Paixão, coordenadora de conteúdos da RTP2, decidiu apostar na série de época dos jovens. “Decidi enviar um e-mail à Teresa Paixão, onde apresentei o projeto. A partir daí tudo fluiu naturalmente. A Teresa ouviu-nos, reconheceu, como nós, o amadorismo de alguns dos atores, mas entendeu que o projeto tinha um significado muito forte e bonito, a qualidade técnica necessária, e informou-nos pouco tempo depois que a RTP 2 estava interessada em transmiti-lo”, conta João Santana.

“Os atores são amadores em formação, a própria equipa de produção o é. Apenas os técnicos eram profissionais da área contratados para que o projeto tivesse uma qualidade mínima necessária. Há atores com aparelhos nos dentes que são bastante atuais, ou alguns carros modernos em cenários que não conseguimos retirar. Mas é também isso que nos define. Não somos uma produção profissional com muitos fundos que tinha dinheiro para mandar tirar os aparelhos aos nossos jovens e colocar outros novos depois das gravações, por exemplo”, relembra o jovem mentor do projeto.

Veja na galeria algumas imagens das gravações da série “O Alto” que tem estreia agenda para 2016 na RTP2: