Em comunicado, a televisão pública ucraniana, avança que a cantora não poderá subir ao palco da Eurovisão em maio porque, de acordo com as informações dos serviços de segurança, atuou "ilegalmente" na Crimeia após "a ocupação da região pela Rússia".
"O Serviço de Segurança da Ucrânia proibiu a cidadã da Federação Russa Julia Samoylova de entrar no país por um período de três anos", escreveu Olena Gitlianska, porta-voz das autoridades ucranianas, no Facebook.
A organização da Eurovisão já comentou a polémica, com um comunicado partilhado no site oficial. "Foi confirmada à UER que as autoridades ucranianas emitiram uma proibição de viajar para a artista russa escolhida para a Eurovisão, Julia Samoylova, uma vez que foi julgada por ter violado a lei ucraniana ao entrar na Crimeia", explica a organização do festival, frisando que é importante "respeitar as leis locais do país de acolhimento".
"Estamos profundamente desapontados com esta decisão porque consideramos que vai contra o espírito do concurso e a noção de inclusão que está no centro dos nossos valores", acrescenta a organização no site oficial. "Vamos continuar o diálogo com as autoridades ucranianas com o objectivo de garantir que todos os artistas podem atuar na 62ª edição do Festival Eurovisão da Canção", concluí o comunicado.
O The Guardian avança que a Ucrânia, país que venceu em 2016 o festival, sublinhou que iria impedir a entrada dos cantores russos considerados anti-ucranianos. Em fevereiro, a SBU emitiu uma lista de 140 artistas russos que estariam proibidos de entrar no país e onde constava o nome de Julia Samoilova.
Julia Samoilova conquistou os jurados do concurso local, organizado pela estação russa de televisão Pervy Kanal, com o tema "Flame is Burning", garantindo assim um lugar no Festival da Eurovisão deste ano.
Esta não é a primeira vez que existe tensão entre os dois países na Eurovisão. No ano passado, a concorrente ucraniana, Jamala, apresentou "1994" no festival, canção sobre a história dos seus avós, que foram deportados da Crimeia para a Sibéria na era de Estaline. A cantora acabou por vencer a edição de 2016 com o tema dedicado aos milhares de muçulmanos que não conseguiram sobreviver à travessia até à Ásia Central.
A Rússia, que anexou a Crimeia em março de 2014, viu na vitória ucraniana “subentendidos políticos” e protestou contra a participação do país no festival.
A Eurovisão está marcada para maio, em Kiev. Salvador Sobral foi o cantor escolhido para representar Portugal no festival.
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