O gestor falava na comissão parlamentar de Ética, Cidadania e Comunicação.

"Tínhamos como receitas previstas cerca de 200,1 milhões de euros e é previsível que [a RTP] acabe com receitas de 209 milhões de euros", afirmou Alberto da Ponte.

O gestor apontou que entre 2011 e 2014 a RTP teve uma redução de fundos públicos na ordem dos 75 milhões de euros e que a redução de custos internos ascendeu a 44 milhões de euros.

Além disso, entre 2011 e até final do ano, assiste-se a uma redução de 400 trabalhadores.

O gestor adiantou que a empresa não conseguiu reduzir todos os custos de pessoal que esperava, o que inclui o impacto da decisão do Tribunal Constitucional sobre os cortes salariais.

Alberto da Ponte sublinhou que "é mais transparente o modelo" da taxa de contribuição para o audiovisual (CAV), quando comparada com a indemnização compensatória, a qual terminou no final do ano passado.

Desde este ano, que a RTP é financiada pela CAV, que consta na fatura de eletricidade, e por receitas comerciais.

O gestor disse que a administração gostaria que a taxa de contribuição para o audiovisual fosse maior, de cerca de 45 milhões de euros, mas "só é possível 26,5 milhões de euros", pelo que a empresa tem de procurar alternativas nas receitas comerciais.

Alberto da Ponte frisou que todos têm feito um esforço de contenção de custos em Portugal, pelo que "o serviço público não se pode eximir a esse esforço".

Sobre a qualidade televisiva dos canais públicos, o gestor foi perentório: "Somos da opinião que a oferta da RTP é globalmente diferenciadora do panorama português".

E reforçou que a RTP, por ter dois canais em acesso livre (sinal aberto), dirige-se a um "grupo mais universal possível" de telespetadores.

"Não podemos ignorar que temos de dar um serviço popular", acrescentou, citando os resultados de estudos que apontam que "há uma preferência clara dos espectadores de determinados tipos de programas".

"Fazemos televisão para o povo português", afirmou, salientando que o canal 2 "tem merecido um reforço que tem sido feito gradualmente".

Questionado pelo Bloco de Esquerda se José Eduardo Moniz tinha sido contratado pela RTP, Alberto da Ponte afastou o cenário.

"Contratámos uma empresa chamada Plural, que tem ou tinha como conselheiro José Eduardo Moniz, mas não existe um contrato direto, é uma questão que não se põe", explicou.

Em relação à parceria entre a RTP e o Diário Económico, Alberto da Ponte explicou que, tendo em conta "a necessidade de um canal moderno, a exemplo do que acontece nos outros países", "é natural" que a estação pública faça "parcerias e protocolos para determinadas especialidades", garantido que "a questão editorial e de independência está sempre salvaguardada".

@Lusa