"Tens de contar a história em que acreditas e tentar conseguir um compromisso das pessoas - pelo menos uma vez. E é é bom que mereças esses 30 minutos porque elas podem escolher qualquer coisa", disse ao site Indiwire a atriz que para muitos continua a ser (quase exclusivamente) associada a Carrie Bradshaw, apesar de contar com um longo percurso no cinema antes de ter marcado a história da televisão (de "Footloose" a "Ed Wood", passando por "Medidas Extremas").

A protagonista de "O Sexo e a Cidade" foi tão icónica que, apesar de Sarah Jessica Parker ter apostado no grande ecrã desde o final da série, em 2004, o papel mais memorável destes anos num filme continua a ser o das adaptações da produção da HBO, mesmo que até tenham desiludido grande parte dos fãs - não que comédias na linha de "Como Despachar um Encalhado", "Ouviste Falar dos Morgans?" ou "Amor em Roma" tenham feito muito para mudar o estado das coisas.

Durante este período, a norte-americana de 51 anos só voltou à televisão para uma participação especial em "Glee", motivo que faz de "Divorce" uma das estreias mais aguardadas da temporada. Duas décadas depois de "O Sexo e a Cidade" ter colocado em cheque a forma como as mulheres são representadas, muito mudou no meio e não falta quem aponte os últimos tempos como a "idade de ouro" da ficção televisiva. Sarah Jessica Parker está ciente disso, a HBO também - ou não fosse uma das casas mais respeitadas - e a aposta em mais do mesmo nem sequer terá sido equacionada.

Domingo, 9: Divorce (estreia da T1)

"Divorce" não poderia estar mais distante das peripécias de quarto amigas cosmopolitas em Manhattan, desviando-se para os subúrbios nova-iorquinos, em Westchester, e concentrando-se num casal à beira da ruptura. Em vez do casamento perfeito com Mr. Big, há o divórcio iminente - mas arrastado e conturbado - com Robert (Thomas Haden Church). Em vez da vida descomprometida na casa dos 30, há uma crise de meia idade e filhos a ter em conta. E em vez de Carrie, há Frances, "muito mais reservada e tensa, severa e nem sempre simpática", descreve a atriz.

Há também uma mulher por trás desta crónica conjugal: Sharon Horgan, realizadora, argumentista, atriz e produtora irlandesa, autora de "Pulling" e "Catastrophe", sitcoms britânicas elogiadas pelo olhar fresco e descomplexado sobre o universo feminino e a vida a dois.

O humor continua presente em "Divorce", mas as primeiras reações apontam um tom mais seco e amargurado. O Hollywood Reporter considera-a uma comédia "admiravelmente negra mas difícil de ver", o Indiwire diz que "deve estar muito próxima de um verdadeiro divórcio", mas que "há valor em estar livre da dor e tormento enquanto experimentamos essas emoções intensamente". Esta vertente mais pesada e ácida leva a que o Guardian compare a série a "Girls", com a qual partilha o argumentista e produtor executivo Paul Simms. Mas também há quem não encare esta opção como uma vantagem; a Slant Magazine, por exemplo, defende que o excesso de cinismo neutraliza a empatia.

Mais do que o afastamento (demasiado?) deliberado de "O Sexo e a Cidade" ou a importação do lado cáustico de "Girls", a base de "Divorce" passa antes pelo grande ecrã, explica Sharon Horgan. A maior inspiração foi mesmo "A Guerra das Rosas", comédia negra de Danny DeVito estreada em 1989, mesmo que dificilmente vejamos Sarah Jessica Parker em cenas tão descabeladas e histriónicas. Mas quem quiser vê-la na pele de Frances ("pelo menos uma vez"), terá de se comprometer com a estreia às três da manhã deste domingo para segunda, no TVSéries (em paralelo com a emissão nos EUA) ou então esperar pelas 22h30 da próxima quinta-feira, horário regular de "Divorce" por cá.

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