Os problemas começaram logo na cerimónia de abertura, na última sexta-feira, que foi transmitida com atraso e interrompida pela transmissão de reportagens e entrevistas gravadas previamente.

No Twitter rapidamente foi criada a hashtag #nbcfail, referindo-se ao facto de muitos considerarem má a cobertura dos Jogos Olímpicos feita pela estação americana.

"Adoro os Jogos Olímpicos, mas não consigo ver a NBC. Quero desporto, não peças para encher espaços e anúncios intermináveis", queixou-se um utilizador do Twitter.

Para Tobe Berkovitz, professor de Publicidade da Universidade de Boston, "muita publicidade, muita verborreia e muitos segmentos pré-gravados" podem afugentar muitos telespectadores.

Televisão padronizada

Os adeptos agora têm uma série de opções para acompanhar as competições, podendo inclusivamente assistir à emissão em "streaming" pela internet, por exemplo.

"O americano médio quer ser seu próprio programador, quer decidir o que vê e quando vê", insistiu o professor.

A empresa matriz da NBC, NBCUniversal, forma parte do conglomerado de meios de comunicação Comcast, que desembolsou 1,2 mil milhões de dólares para transmitir os Jogos do Rio de Janeiro, mas na era das redes sociais o grupo tem problemas para conseguir controlar tudo.

Michael Socolow, professor de Comunicação e autor de um livro sobre os Jogos de Berlim (1936), considera que a NBC ofereceu um mau serviço aos espectadores atrasando a divulgação de algumas grandes provas.

"O dever de um canal de televisão é colocar o telespectador na piscina, nos barcos a remo ou na pista de atletismo em tempo real. Vendo ao vivo, convertemo-nos em participantes", escreveu num editorial no Boston Globe.

"As transmissões olímpicas agora estão cheias de pequenas histórias emotivas, de resistências heróicas e lutas contra a adversidade. Nesse sentido, os Jogos Olímpicos evoluíram e converteram-se simplesmente noutro produto padronizado de televisão", destaca.

"Bizarro e muito decepcionante"

Outro ponto do descontentamento é que a NBC entrou em acordo diretamente com os organizadores do Rio-2016 para garantir que as provas cruciais, como a que permitiu ao nadador Michael Phelps ganhar a sua primeira medalha de ouro no domingo, fossem transmitidas nos horários de máxima audiência nos Estados Unidos.

Neste caso são ao vivo, mas são transmitidas muito tarde na Costa Leste, o que irrita os telespectadores.

"Finalmente, às 23h00, a NBC mostrou-nos a principal prova", lamentava M. G. Siegler, do Google Ventures. "Antes disso, tive de permanecer sentado durante quatro horas e engolir uma série de anúncios".

Kerri Walsh Jennings, defensora do título americano de vólei de praia, e sua nova companheira, April Ross, disputaram duas partidas à meia-noite (hora do Rio), e participarão em mais uma neste horário para chegar no "prime time" aos Estados Unidos, onde na Costa Leste é uma hora a menos.

Os amantes deste desporto comemoravam no Twitter, mas isso atrasou a transmissão da final de ginástica masculina, apresentada horas depois pela rede de televisão.

"Que curioso... Depois de transmitir uma simples partida de classificação de vólei de praia restou pouco tempo para a ginástica masculina", partilhou uma telespectadora indignada, Sheri Minkoff.

"Se tivermos sorte, os Jogos do Rio vão provar aos líderes da NBC que a sua estratégia não presta", afirmou Selly Jenkins, do Washington Post.

Um porta-voz da NBCUniversal afirmou por e-mail que desde 2012 "todas as competições são transmitidas ao vivo em streaming, sem exceção".

Mas estas transmissões pela internet às vezes estão distantes dos padrões da televisão: "Para a esgrima feminina, a transmissão de streaming consistia num único plano longo de duas pessoas com máscaras, gesticulando e gritando", conta Edmund Lee, redator-chefe do site Re/Code.

"Parece a gravação de uma câmara de segurança. Era bizarro e muito decepcionante", afirmou.

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