“Para mim foi ainda mais extraordinário sentir que um filme com este lado tão pessoal, foi como se saísse de casa diretamente para Berlim, e de repetente tem um prémio. Foi muito bonito perceber que este trabalho, que parte de questões pessoais, tocava outras pessoas, outras famílias e que tinha este lado de poder transcender-se a si próprio”, disse à agência Lusa Catarina Vasconcelos.

“A Metamorfose dos Pássaros” é a primeira longa-metragem da realizadora portuguesa e foi considerada pela Federação Internacional de Críticos (FIPRESCI) o melhor filme da nova secção competitiva “Encounters” (Encontros).

“É muito extraordinário. Recebi a seleção para a Berlinale com muito maravilhamento, fiquei muito feliz. Estrear o filme e receber o prémio da crítica no mesmo dia foi uma coisa muito emotiva, eu não caí bem em mim. Ainda estou um bocadinho em choque, ainda não acredito muito bem, mas estou muito feliz”, admitiu, emocionada.

Para o júri, esta é uma "estreia profundamente pessoal, terna e poética" de Catarina Vasconcelos e o filme representa "uma evocação, em forma de cinema, profundamente bela sobre o passado, delicada como as asas de um pardal e frágil e complexa como uma 'assemblage' de [artista visual e realizador] Joseph Cornell".

“Fiquei muito lisonjeada, foram palavras muito bonitas”, destacou, acrescentado que por ser a primeira longa-metragem “tem todo este lado muito especial”.

Catarina Vasconcelos, 33 anos, demorou-se seis anos na criação deste filme, depois de ter feito a primeira curta-metragem, "Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso" (2014), em contexto académico em Londres.

Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se porque Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna - que nunca conheceu - na longa-metragem.

“Demorei seis anos a fazer este filme, acho que isto pode abrir portas, claro, mas acho que o tempo dos filmes não tem a ver com o tempo dos prémios, acho que são coisas distintas. Mas sem dúvida que é uma grande motivação”, frisou.

“O filme inicia-se na minha esfera familiar, comecei com uma série de entrevistas aos meus tios, aos meus primos, sobre esta mulher que eu não cheguei a conhecer, a minha avó Beatriz. Todo este tempo que demorei foi entre pesquisa, rodagem e montagem, mas também um tempo de distanciamento destas pessoas que me são tão próximas para fazer um filme que combinasse um lado documental e ficcional”, explicou Catarina Vasconcelos.

De acordo com a agência Portugal Film, "A Metamorfose dos Pássaros" tem já exibição garantida em mais de dez festivais internacionais, em países como Grécia, Estados Unidos, Polónia e Reino Unido.

“A seguir a Berlim, o filme já tem uma série de estreias em alguns festivais internacionais, vamos logo para a Sibéria, e interessa-me muito perceber como este trabalho será visto por pessoas de sítios tão distintos do seu ponto de partida. Agora é acompanhar o voo deste filme”, concluiu Catarina Vasconcelos.

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