Os autores do maior "blockbuster" da história do cinema apresentaram, esta quarta-feira no festival de Veneza, a produção do primeiro filme de ação de Hollywood gravado inteiramente em árabe.

Todo o argumento de "Mossul", sobre a equipa Nínive SWAT da polícia iraquiana - cujos membros lutaram para retomar a sua cidade, que dá nome ao filme, das mãos do Estado Islâmico (EI) -, é falado em dialeto iraquiano.

Os realizadores, Joe e Anthony Russo - que fizeram de "Vingadores: Endgame"" o maior sucesso de bilheteira da história do cinema -  afirmaram que "não hesitaram um segundo" sobre contar a história épica de batalhas em qualquer língua que não fosse a original.

Joe Russo contou que chorou quando leu pela primeira vez, na revista New Yorker, a história desta unidade, formada por agentes que perderam a sua família pelo EI.

"Nunca tinha lido uma reportagem e chorado no final. O empenho desta equipa e todos em Mossul levou-me às lágrimas. Aquilo precisa ser contado da forma mais autêntica possível. Não tinha outra forma de fazer isso", afirmou o realizador, que nesta produção assume com o irmão o papel de produtor.

Hollywood é frequentemente acusada de demonizar e humilhar personagens árabes.

Os produtores afirmaram esperar que este filme seja um ponto de virada na forma como muçulmanos são retratados no ecrã.

Esta é a primeira produção do novo estúdio dos irmãos Russo, AGBO.

"Não poderíamos estar mais orgulhosos dela", celebrou Joe Russo.

Fim dos estereótipos

O produtor-executivo iraquiano, Mohamed Al Daradji, disse que o filme pode finalmente ajudar a eliminar estereótipos racistas.

"Estou muito otimista de que este filme possa abrir caminho para Hollywood fazer filmes mais positivos sobre o mundo árabe e o Médio Oriente", afirmou.

"Infelizmente, fomos retratados de uma forma péssima durante muito tempo. Sofri com isso, todos tivemos experiências assim", declarou à imprensa.

Mas, neste filme, os heróis são "reconhecidamente iraquianos, árabes e muçulmanos [...] falando exatamente como a polícia em Mossul fala [...]. Nunca temos a oportunidade de ter uma história árabe contada de forma positiva. A propósito, somos seres humanos como vocês", brincou o produtor.

Joe Russo afirmou que a luta pela segunda maior cidade do Iraque se tornou um "símbolo do estado de guerra moderno".

O argumentista Matthew Michael Carnahan disse que a sua condição para realizar o filme foi que fosse gravado em árabe, mas ele ficou chocado quando os Russo aceitaram de imediato.

Apenas quatro meses após a retomada de Mossul, em dezembro de 2017, as filmagens começaram no Marrocos, por motivos de segurança, com um elenco maioritariamente iraquiano.

"Tenho vergonha de admitir, o meu país está em guerra com o Iraque desde que eu tinha 17 anos e estava no secundário. Nunca soube que a equipe Nínive SWAT existia", afirmou Carnahan, que também escreveu aos argumentos dos "blockbusters" "WWZ: Guerra Mundial" (2013) e "Horizonte Profundo - Desastre no Golfo (2016).

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