O funeral do músico, que morreu no Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, realiza-se na sexta-feira, da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), na capital, para o cemitério de Silves, no Algarve.

Fonte da SPA disse ainda à Lusa que o velório do músico, por sua vontade expressa, se realiza na sala Carlos Paredes, no edifício da cooperativa, na rua Gonçalves Crespo, em Lisboa, hoje, a partir das 16h00. Na sexta-feira, “após um pequeno ato”, pelas 12h00, sai o funeral para o cemitério de Silves, onde o músico será sepultado, acrescentou.

O presidente da SPA, José Jorge Letria, realçou à Lusa o empenho de José da Ponte na reestruturação da cooperativa, a partir de 2007. “Foi uma peça fundamental e, desde que entrou na administração da SPA, em 2010, até maio do ano passado, teve a seu cargo pelouros como os da informática e a execução de direitos e delegações”, disse Letria.

José João dos Santos Águas Pontes, nascido a 7 de fevereiro de 1954, em Silves, entrou para a SPA em 2007, tendo na altura liderado o Comité de Apoio aos Músicos e Autores e, posteriormente, presidido o conselho fiscal.

“Era um criativo, tinha uma grande energia e uma visão empresarial moderna da música e, mesmo doente, manteve-se sempre atento aos assuntos da SPA”, disse Letria. O presidente da SPA referiu-se a José da Ponte como “um músico inovador, inspirado e criativo, um grande melodista” e realçou o seu contributo na área da publicidade, para a qual compunha os denominados “jingles”. “Esteve ligado, por exemplo, à campanha do Euro 2004”, referiu.

José da Ponte foi distinguido em maio do ano passado, com a Medalha de Honra da SPA. Compositor, baixista e produtor musical, José da Ponte iniciou a atividade artística em 1976, com a participação no álbum “Homo Sapiens”, um projeto do compositor José Luís Tinoco.

Com a cantora Lena d’Água e o teclista Luís Pedro Fonseca, Zé da Ponte, fundou, em 1980, os Salada de Frutas, grupo que protagonizou sucessos como “Robot”. Ao trio inicial juntaram-se mais tarde, como convidados, Guilherme Inês (bateria), Moz Carrapa (guitarra) e Rui Cardoso (saxofone).

Em finais da década de 1970, José da Ponte fundou, com o músico Luís Pedro Fonseca, que morreu no ano passado, uma empresa especializada em publicidade e produção de discos e, em 1983, com Guilherme Inês, a empresa Namouche, com que passaram a gerir estúdios de gravação da Rádio Triunfo, criados pelo engenheiro de som José Fortes, e que mais tarde acabaram por adquirir. Nos estúdios Namouche, o músico produziu trabalhos das cantoras Dora e Dulce Pontes e, com Guilherme Inês, da cantora Formiga, com quem constituiu o grupo Zoom.

Entre outras canções, Zé da Ponte, como era conhecido, fez parte da equipa autoral de “Não sejas mau p’ra mim”, com que Dora venceu o Festival RTP, em 1986, e de “Lusitânia paixão”, com a qual Dulce Pontes conquistou o primeiro lugar do mesmo festival, em 1991.

Como baixista, colaborou com Pedro Barroso, no álbum “Antologias”, Jorge Palma, em “Bairro do amor”, e António Variações, em “Anjo da Guarda”, entre outros. O músico colaborou ainda com a extinta discográfica Strauss, na qual era responsável pela etiqueta Evolution.

Em 2003 assinou, com Alexandre Honrado, o musical “In love”" e, em 2005, fez parte da equipa autoral, com Ernesto Leite e Alexandre Honrado, da canção "Amar", com a qual o duo 2B (Rui Drummond e Luciana Abreu) representou Portugal no Festival da Eurovisão.

No ano seguinte, 2006, fez parte da equipa criativa da campanha “Pirilampo Mágico”, que apoia as Cooperativas de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades (CERCIS).

Em 2008 fez parte do júri da terceira edição do programa televisivo de procura de talentos musicais, “Operação Triunfo”, em que venceu Vânia Fernandes.

"José da Ponte foi um quadro ativo e fundamental na vida da SPA e, como tal, será recordado nos momentos e circunstâncias próprios, com saudade e admiração. A SPA e a vida cultural portuguesa ficam mais pobres e mais tristes com esta inesperada despedida", afirma em comunicado a cooperativa.

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