Soon-Yi Previn, a filha adotiva de Mia Farrow, saiu em defesa do seu marido, Woody Allen, alimentando a polémica que o cineasta enfrenta há duas décadas com a família Farrow.
"O que aconteceu com Woody é tão perturbador, tão injusto", disse Previn, de 47 anos e mãe de dois filhos com Allen, numa longa entrevista publicada no domingo à noite pela revista "New York".
Foram as suas primeiras declarações públicas sobre a zanga entre o famoso realizador e a família Farrow, que começou quando Mia Farrow descobriu em 1992 que ele mantinha uma relação amorosa com a sua filha adotiva de 21 anos.
A atriz acusou então o realizador de tocar os genitais de outra filha adotiva, Dylan Farrow, que tinha então sete anos.
Após investigá-lo, as autoridades médicas e judiciais não encontraram indícios que justificassem avançar com um processo.
As acusações contra Allen, que dividiram a família, foram reinterpretadas à luz do movimento #MeToo: muitos que antes não acreditavam em Mia Farrow e na sua filha Dylan - que afirma recordar ter sido abusada sexualmente pelo seu pai - passaram a acreditar.
Mas Previn assegura que a sua mãe adotiva "tirou proveito do movimento #MeToo e fez Dylan desfilar como uma vítima".
"Sou um pária", afirma Woody Allen, de 82 anos, na entrevista à jornalista Daphne Merkin, amiga do cineasta há quatro décadas.
"As pessoas acham que eu era o pai de Soon-Yi, que a violei e me casei com minha filha retardada menor de idade", acrescentou o realizador.
Desde o início do movimento contra o abuso e assédio sexual, uma onda de atores e atrizes pediram desculpas por terem trabalhado com Allen, a quem muitos críticos e fãs desertaram.
Previn, que nasceu na Coreia do Sul e foi adotada aos seis anos por Mia Farrow, assegura que quase não tem boas recordações com a sua mãe adotiva.
Ela relata que, quando era criança, a atriz batia nela e que, às vezes, a colocava de cabeça para baixo para que o sangue fosse para a cabeça e, assim, ajudasse a ser mais inteligente.
Dylan Farrow, seu irmão Ronan - o jornalista que revelou vários escândalos de agressão sexual na revista "The New Yorker" - e outros seis de seus irmãos publicaram no domingo um comunicado conjunto apoiando sua mãe.
"Amamos e apoiamos a nossa mãe, que sempre foi carinhosa e generosa. Nenhum de nós presenciou outra coisa que não fosse um tratamento carinhoso em nossa casa e, por isso, os tribunais garantiram a nossa mãe a guarda total de todos os seus filhos", apontaram.
A voz dissonante é a de outro irmão, Moses, que se afastou da família e em maio publicou um ensaio que partilha algumas das situações agora descritas por Soon-Yi.
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