“É uma caminhada, mas que no fundo são três. Os participantes podem escolher a distância que querem percorrer e/ou a programação cultural a que querem assistir, porque o percurso tem um total de 24 quilómetros, mas tem duas estações intermédias com encenações teatrais”, explicou à agência Lusa um dos responsáveis pelo evento.
José Poças sublinhou que o primeiro troço tem sete quilómetros, o segundo 12 e o último cinco: “Mediante a sua capacidade física e/ou a sua vontade e preferência cultural ou literária, assim podem participar”.
“Caminhadas literárias pelo Montemuro” é o nome do projeto que congregou as forças da Associação Mcher (Movimento cívico castrense de história etnografia e regionalismo), de Castro Daire, da Associação de Defesa do Vale do Bestança, de Cinfães, e da Associação de Defesa do Vale de Cabrum (AVDRVC), de Resende.
O projeto está marcado para 08 de junho, a partir das 09:00, na aldeia do Feirão, Resende, e ao longo de todo o percurso, que termina na aldeia de Aveloso, Cinfães, os participantes ouvirão leituras de três obras de autores que escreveram sobre o Montemuro” e serão “brindados com encenações teatrais baseadas nas mesmas obras”.
Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Abel Botelho, Amorim Girão, Joaquim Rodrigues da Cunha ou Orlando Ribeiro vão fazer-se ouvir “no preciso local descrito por cada um dos autores e as pessoas vão perceber que as coisas não mudaram muito”, com exceção “para as eólicas”, explicou.
“A aldeia do Feirão é o local onde foi colocado o padre Amaro, na obra de ‘O crime do padre Amaro’, de Eça de Queirós, e a primeira encenação é logo aí. E a primeira estação intermédia, na aldeia da Gralheira, terá duas encenações, uma na Alagoa de São João”, adiantou o organizador.
Na Gralheira, recomeça para as Portas do Montemuro, Castro Daire, onde haverá uma visita à muralha “de origem desconhecida e única em Portugal, pela sua dimensão, que sem qualquer povoamento tem um perímetro de quilómetro e meio”, contou.
Dali, os caminhantes seguem para a aldeia de Aveloso onde os espera “um lanche só com produtos regionais e um baile serrano, ou seja, em vez das pessoas estarem a assistir, elas são convidadas a participar e terão oportunidade de aprender a dança secular do Montemuro, a contradança”.
O projeto tem como principal objetivo “dar a conhecer o grande património do Montemuro, que ainda é muito desconhecido, que não tem muito património edificado, mas sim um natural e humano que é praticamente único no país”.
“É comum ir a uma aldeia do Montemuro, sem qualquer pré-aviso, e ver tradições que eram feitas há 200 ou 300 anos”, contou o organizador, que deu como exemplo lavrar com vacas ou usar o gado como tração.
Os organizadores pretendem para a serra “um turismo sustentado e cultural.
“Queremos um turismo que não crie impacto com a natureza, queremos que o movimento do turismo não tenha um impacto nefasto sobre a população lupina que ainda temos no Montemuro”, defendeu José Poças.
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