“Quando em 30 de março adiámos a 9.ª edição [inicialmente prevista para junho] para 04, 05 e 06 de setembro, parecia-nos uma boa ideia, porque ainda ninguém tinha muito consciência do que seria a evolução da pandemia da covid-19. Agora, que já sabemos as linhas com que nos estamos a coser, é completamente impossível que haja a edição em 2020 e, portanto, estamos a tratar, a ultimar, o adiamento para 2021”, afirmou o diretor da Pic-Nic, promotora do festival, em declarações à Lusa.

“A proibição de realização de festivais e espetáculos de natureza análoga, até 30 de setembro de 2020, e a adoção de um regime de caráter excecional dirigido aos festivais e espetáculos de natureza análoga que não se possam realizar no lugar, dia ou hora agendados, em virtude da pandemia”, foi hoje decidida em Conselho de Ministros.

Inicialmente, o comunicado do Conselho de Ministros referia-se a “festivais de música”, tendo mais tarde essa redação sido alterada para “festivais e espetáculos de natureza análoga”.

O cartaz da edição do Primavera Sound do Porto prevista para este ano incluía, entre outros, Beck, Lana Del Rey, Bad Bunny, Pavement e Tyler, The Creator.

Segundo José Barreiro, a composição do cartaz para 2021 “está a correr muito bem”.

“A própria indústria, internacionalmente, está adiar tudo um ano e, portanto, a probabilidade aumenta muito que consigamos manter grande parte do cartaz e até, talvez, reforçá-lo, beneficiando quem comprou para a 9.ª edição em 2020. Talvez até seja uma agradável surpresa o cartaz em 2021”, afirmou.

Na reunião do Conselho de Ministros de hoje ficou ainda definido que, “para o caso de espetáculos cuja data de realização tenha lugar entre o período de 28 de fevereiro de 2020 e 30 de setembro de 2020, e que não sejam realizados por facto imputável ao surto da pandemia da doença Covid-19, prevê-se a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores”.

Em relação a esta decisão, José Barreiro considera “extemporâneo estar a falar sobre isso”, visto que “ainda falta que a Assembleia da República valide” o regime.

José Barreiro recordou que uma das propostas que os promotores de festivais fizeram ao Governo foi a criação de “um 'voucher' que garanta ao consumidor que, com o dinheiro que gastou, possa ir à edição de 2021”.

Quanto ao impacto que o cancelamento da edição deste ano pode ter na promotora Pic Nic, garantiu: “Vamos tentar sobreviver”.

“No fundo estamos impossibilitados de trabalhar e temos uma estrutura que já não é propriamente pequena”, afirmou José Barreiro, salientando que o que “mais” o preocupa, “neste momento, é toda aquela gente que trabalha nos festivais”.

No Primavera Sound do Porto trabalham “cerca de duas mil pessoas, segurança incluída”.

“Quero destacar, acima de tudo, essas pessoas. As formiguinhas sem nome, como eu costumo chamar, que estão a passar uma situação muito delicada neste momento”, afirmou.

Além do Primavera Sound, a proibição abrange, entre muitos outros, o CoolJazz (01 a 31 de julho, em Cascais), o Alive (agendado para entre 08 e 11 de julho, em Oeiras), o Super Bock Super Rock (16 e 18 de julho, em Sesimbra), o Marés Vivas (entre 17 e 19 de julho, em Vila Nova de Gaia), o Sudoeste (entre 04 e 08 de agosto, em Odemira), o Bons Sons (de 13 a 16 de agosto, em Tomar), o Paredes de Coura (entre 19 e 22 de agosto, naquela localidade minhota), o Vilar de Mouros (entre 27 e 29 de agosto, na vila que lhe dá nome) e o Festival F (03 a 05 de setembro, em Faro).

As decisões tomadas hoje em Conselho de Ministros em relação aos "festivais e espetáculos de natureza análoga" serão ainda submetidas à apreciação da Assembleia da República e incluem-se nas “medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia da doença Covid-19 no âmbito cultural e artístico”.

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