A 23 de junho deste ano, no dia a seguir ao seu 66º aniversário, Meryl Streep enviou uma carta personalizada a cada um dos membros do Congresso dos EUA a pedir-lhes para reavivarem a batalha para consagrar uma Emenda sobre a igualdade de direitos na Constituição, assegurando a paridade para as mulheres de acordo com a Lei.

Cada carta era acompanhada de um livro, "Equal Means Equal" [Igual Significa Igual], da autoria de Jessica Neuwirth, presidente da ERA Coalition, uma organização que faz campanha por essa Emenda.

Dois meses e meio depois, a estrela deu conta que o seu apelo foi praticamente ignorado pelos 435 representantes e 100 senadores que formam o Congresso dos EUA: "Recebi cinco respostas".

A revelação surgiu durante a apresentação de "As Sufragistas", no Festival de Cinema de Telluride, um drama histórico sobre o movimento pelo sufrágio feminino na Grã-Bretanha no início do século XX.

Muito bem recebido, o elenco inclui Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Romola Garai, Ben Whishaw e Brendan Gleeson.

Streep, que na cerimónia dos Óscares em fevereiro apoiou efusivamente Patricia Arquette quando esta usou o seu discurso ao receber o Óscar de Melhor Atriz Secundária para exigir direitos e salários iguais para as mulheres, aparece apenas durante quatro minutos no filme, numa participação simbólica mas marcante como a líder das sufragistas britânicas Emmeline Pankhurst.

Com Carey Mulligan nos últimos dias de gravidez, ficou nos ombros da vencedora de três Óscares a divulgação do filme e interrogada após um visionamento sobre o que despertou a sua atenção para a questão da discriminação, recordou um episódio da sua infância, quando ouvia a mãe pedir dinheiro ao pai, ainda que tivesse o seu próprio emprego.

"Recordo-me dessas conversas, de ouvi-los no andar de cima, [as discussões] para trás e para a frente. Recordo-me de pensar "Nunca terei de pedir dinheiro a ninguém. Terei o meu próprio dinheiro."