A apresentação do romance que Quadros deixou por publicar, na sede da Fundação António Quadros, faz parte de uma programação celebrativa que inclui a inauguração de um jardim com o seu nome, naquela cidade ribatejana, e a entrega do Prémio António Quadros ao escritor Richard Zenith pela obra “Pessoa. Uma biografia” (2022), já publicada nos Estados Unidos e no Reino Unido.

As celebrações do centenário do autor de “Modernos de Ontem e de Hoje” (1947) incluem a realização de um congresso, “Nos Cem Anos de António Quadros (1923-2023)”, que se iniciou hoje, em Lisboa, na Sociedade História da Independência de Portugal, e termina sexta-feira em Rio Maior.

O Congresso é organizado pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, que Quadros fundou em 1992, e a Fundação António Quadros, criada em janeiro de 2009 pela sua filha Mafalda Quadros.

António Quadros - nascido em Lisboa a 14 de julho de 1923 -, até à sua morte, aos 69 anos, em março de 1993, teve uma vasta atividade tendo sido um dos fundadores da ex-Sociedade Portuguesa de Escritores, na raiz da atual Associação Portuguesa de Escritores, e do Instituto de Arte, Decoração e Design (IADE).

O autor de “Portugal Razão e Mistério” em dois volumes publicados em 1986 e 1987 foi membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) e da Academia Brasileira de Filosofia, membro da International Society for Education Through Art, e fez parte da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Desempenhou ainda funções como as de diretor das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, e, editorialmente, dirigiu a coleção “Biblioteca Breve”, do ex-Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP).

Foi um dos fundadores e diretores das revistas de cultura Acto, 57 e Espiral.

António Quadros desenvolveu investigação sobre matérias como Filosofia da História, Filosofia e Literatura portuguesas, a fenomenologia da arte portuguesa e reflexões sobre mito e poesia.

Em vida, António Quadros publicou cerca de 19 títulos de ensaio, entre os quais “Fernando Pessoa. Vida, Personalidade e Génio” (1986) e “A Ideia de Portugal na Literatura Portuguesa dos Últimos Cem Anos” (1989); três livros de poesia, como “Imitação do Homem” (1966), e quatro de ficção, entre eles, “Uma Frescura de Asas” (1990), além de várias traduções de autores como Jean Cocteau, Albert Camus e André Maurois.

Organizou várias antologias de poesia e ficção, como a “Obra Poética e em Prosa de Mário de Sá-Carneiro” (1985).

O autor, com presença regular na imprensa, foi distinguido com vários prémios, nomeadamente o Prémio Ricardo Malheiros da ACL, em 1965, pela obra “Histórias do Tempo de Deus”, pela qual recebeu também, no mesmo ano, o Prémio Literário da Casa da Imprensa.

O livro “Pedro e o Mágico” valeu-lhe, em 1973, o Prémio de Literatura Infantil e Juvenil da então secretaria de Estado da Informação e Turismo.

Em 1983, recebeu o Prémio Literário Município de Lisboa, pela obra “Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista”, galardão que voltou a receber no ano seguinte, pelo livro “Fernando Pessoa - Vida, Personalidade e Génio”.

António Quadros fez também uma incursão no cinema, tendo escrito o argumento de “Mónica ou um Diário Algarvio” (1972), um documentário sobre o Algarve, realizado por José Fonseca e Costa.

O seu espólio está à guarda da Fundação António Quadros, e inclui, além de manuscritos das suas obras, correspondência, fotografias, catálogos de exposições, monografias, recortes de imprensa, etc..

A Fundação tem ainda à sua guarda os espólios dos seus pais, a escritora Fernanda de Castro (1900-1994) e o jornalista e diretor do ex-Secretariado da Propaganda Nacional (depois Secretariado de Propaganda e Informação, Cultura Popular e Turismo, SNI), António Ferro (1895-1956).

Anualmente, a Fundação entrega o Prémio António Quadros que contempla várias áreas, da música às artes plásticas, passando pela filosofia e a poesia.