Um filme extremamente livre que revisita a viagem dos três Reis Magos rumo a uma Belém que é aqui transposta para as colinas de Voltera. Os protagonistas desta viagem que dura seis dias e seis noites são inusitadamente retratados como diplomatas com poucos escrúpulos e sem apetência para o seu papel. À semelhança de «Acto da Primavera», de Manoel de Oliveira, Olmi parte das festas religiosas de uma aldeia e das suas gentes, transpondo o seu património de memórias ancestrais, mas transformando-as radicalmente. O filme incomodou muita gente, tanto por ser portador de alguma heresia, como por Olmi persistir em convocar os rituais religiosos. Mas «Cammina Cammina» é, antes de mais, um filme contaminado pela verdadeiro prazer de fazer cinema.