Baseado num romance de James Jones, Deus Sabe Quanto Amei parte de um dispositivo central em muitos filmes melodramáticos: o regresso de alguém às suas origens e o choque inevitável entre as memórias que se transportam e as evidências mais cruas do presente. Neste caso, Frank Sinatra é aquele que regressa, um soldado da Segunda Guerra Mundial face ao inalterado conservadorismo moral e social da sua pequena cidade. A sua inesperada ligação com uma mulher de vida incerta («the lady is a tramp»), «abaixo» daquilo que a sua condição social exige, está na base de uma teia de sentimentos que Minnelli vai administrando com o rigor de um sábio arqueólogo das paixões humanas. E oferece também a Shirley MacLaine uma das mais comoventes composições de toda a sua carreira. A presença do espantoso e minimalista Dean Martin, ao lado de Sinatra, empresta ao filme a dimensão de «efeito colateral» da geração «rat pack», tanto mais que a música (assombrosa!) de Elmer Bernstein não deixa de conter algumas sugestões «jazzísticas», em nada estranhas ao «swing» de algumas das canções, tanto de um como de outro.