Apresentado em 2018 no Festival de Cannes, é um retrato da região leste da Ucrânia, onde uma guerra híbrida mistura conflito armado, crimes e tumultos perpetrados por grupos separatistas. No Donbass, a guerra é chamada de paz, a propaganda é erguida como verdade e o ódio finge ser amor. Um périplo pelo Donbass é uma série de aventuras loucas, em que o grotesco e o trágico se misturam como a vida e a morte. Não é um conto sobre uma região, um país ou um sistema político, mas sim sobre um mundo perdido na pós-verdade e em identidades falsas. Diz-nos respeito a todos. Loznitsa mostra no filme situações e episódios que podem parecer absurdos e grotescos, mas que acontecem verdadeiramente. Embora seja um filme de ficção, é constituído em vários episódios, cada um contando uma história inspirada em acontecimentos reais passados entre 2014 e 2015, nos territórios ocupados. Actualmente, estando em curso a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o filme assume uma enorme actualidade em que se vê, nas palavras de Loznitsa, como “uma comédia absurda se transforma numa tragédia absurda” e em que os protagonistas são cidadãos comuns.