Um amor impossível. Dois jovens que se amam. Vera e João não encontram espaço, nem tempo, nem identidade que, nesta vida, possa resolver esse amor. Aparentemente tudo lhes é benéfico: as respectivas famílias, os amigos e a terra onde vivem. A questão é o tempo. O tempo que não têm na realidade (os estudos, as famílias, as casas distantes) e o tempo de vida deles próprios - sendo tão novos estão sujeitos ao que a vida lhes trouxe até à altura em que a “história” do filme começa, ligados portanto a uma vida que até então não foi por eles escolhida. Esta é uma das razões, que os leva a um processo de fuga. Fuga essa em regresso possível neste mundo. O desejo de estarem juntos obriga-os, numa espécie de jogo infantil, a fugirem dos amigos, a fugirem de casa, das pessoas e do mundo. Isolados numa floresta, afastam-se de tudo. Fazem um pacto de nunca se separarem, “por nada deste mundo”. Um com o outro, um para o outro, são capazes de tudo. A Vera revela ao João um misterioso segredo de que nunca falou a ninguém em toda a sua vida, uma experiência espantosa que a coloca em grande perigo (presa num sítio sem saída possível) sendo depois salva por poderes que nunca soube explicar. Para mais era uma criança. E as crianças têm grande imaginação. Só ela sabe como foi ela quem pediu com toda a força, com toda a fé, para que pudesse sair dali. Para que se abrisse uma fenda para ela poder passar. E a fenda abriu-se. E o João acredita. E vivem nessa cumplicidade profunda contra a razão ou contra a própria natureza. Porque juntos são tocados pelo absoluto. É esta a outra razão porque eles se unem. Um elo muito mais forte que os empurra, que empurra as suas almas, para além de todas as suas previsões, se é que as tinham, sem sequer eles próprios suspeitarem. Mas Vera enfraquece e acaba por adoecer. Se ele não a pode deixar “por nada deste mundo”, não pode também deixar de querer pedir ajuda. A fé inabalável no amor deles está prestes a quebrar. Selecção Oficial - Novos Territórios do Festival de Veneza 2001