Rui viveu a sua infância em Moçambique, num território perdido nas profundezas do mato, junto à natureza selvagem, na fronteira de um misterioso rio. Filho de colonos portugueses, cedo aprendeu a reconhecer duas realidades e emoções distintas - a da Europa e a da África. A sua vida foi marcada por uma permanente opção entre duas margens; duas culturas; o branco e o negro; o "patrão" e o "escravo"; a violência e a paz; o amor e a paixão... Aos 14 anos, confrontado com a trágica e inevitável destruição da sua infância, Rui escolherá a sua margem, entre as muitas margens do rio. O filme foi rodado no início do ano 2000, durante as cheias que assolaram Moçambique. Segundo o realizador, "O Gotejar da Luz" é um projecto em que tentou de novo - já o abordara ao de leve em "Fintar o Destino" - aprofundar o problema colonial. O filme foi apresentado no Festival de Berlim, na secção Panorama.