Este é um filme literalmente fora de série. Primeiro, porque a sua prodigiosa contenção (e a tensão que dela nasce) confirma Clint Eastwood como um dos derradeiros autores americanos a manter uma ligação directa com a memória dos clássicos; se quisermos citar, por contraste, um outro grande - Martin Scorsese -, podemos dizer que o autor de «A Idade da Inocência» desenvolve, desde o início da sua obra, uma relação feita de sedução e distância, cópia e perversão em relação ao dispositivo clássico de Hollywood. Depois, porque a sua simples existência repõe no coração vivo da actual produção americana os sinais de uma interioridade, que tem tanto a ver com a ausência dos míticos cenários urbanos como com a revelação de um sistema específico de valores e comportamentos.