Na manhã de 9 de setembro, de 2004, a experiente produtora da CBS News, Mary Mapes acredita ter todas as razões para se sentir orgulhosa de um trabalho de jornalista bem feito. No final do dia, Mary Mapes, a CBS News e o respeitado pivô Dan Rather encontram-se sob um enorme escrutínio. Na noite anterior, o programa ‘60 Minutes II’ colocou no ar um relatório de uma investigação, produzido por Mary Mapes e divulgado por Dan Rather, indiciando a revelação de novas provas que comprovariam que o Presidente George W. Bush tinha conseguido evitar cumprir o serviço militar, entre 1968 e 1974. A peça referia que George W. Bush não só tinha explorado ligações familiares e privilégios políticos para evitar a Guerra do Vietname e juntar-se à Texas Air National Guard, como tinha falhado durante muitos meses a obrigação mais básica da sua função: aparecer na base. Mary Mapes e a sua equipa de investigadores, numa luta contra o tempo, procuraram testemunhas oculares e novos documentos para construírem o caso, e acreditaram que a história era sólida. Contudo, o serviço militar de George W. Bush deixou de estar no foco dos media e do escrutínio público. Em vez disso, foi o programa ‘60 Minutes’, Mary Mapes e Dan Rather que foram colocados em questão: os documentos de suporte à investigação foram denunciados como forjados e a equipa do programa foi acusada de jornalismo de má qualidade ou, pior, de fraude. Mary Mapes acabaria por perder o seu trabalho e reputação. Dan Rather demitiu-se do cargo de pivô. Como é que a atenção acabou focada nos jornalistas que questionaram a versão oficial da história? Como é que os caracteres tipográficos ou quebras de linha se tornaram mais importantes para o discurso nacional do que a dúvida relativamente à falta de cumprimento militar do Presidente?