No escuro, o choro de um recém-nascido rompe o silêncio de uma noite quente de verão. Mãe e filho dormem, depois do alvoroço do parto. Inesperadamente, sem ninguém se aperceber, uma pequena mancha vermelha alastra na roupa do recém-nascido. Aldeões ocupados nas suas tarefas, crianças que brincam e a natureza segue o seu curso irreversível. Só, sentado na sombra de um sotão, um rapaz desenha o mostrador de um relógio no seu pulso esquerdo. Ao acabar, leva o pulso ao ouvido, como se pudesse ouvir a batida do mundo à sua volta. Chronos, com o seu olho vigiador, procura controlar a vida, mas esta escapa-se. O sangue brota na roupa da criança como uma rosa. O rapaz do sotão apagua o relógio que desenhou. Uma libélula paira no ar – agora não, meu filho, não agora...! O eco da história impressa nas páginas de um velho jornal desvanece-se. À medida que a sombra cai de novo, vislumbra-se uma data – sexta-feira, 28 de Junho de 1940.