Em Portugal – um país Europeu em crise, um realizador propõe-se a construir ficções a partir da miserável realidade onde está inserido. Mas incapaz de descobrir um sentido para o seu trabalho, foge cobardemente, dando o seu lugar à bela Xerazade. Ela precisará de ânimo e coragem para não aborrecer o Rei com as tristes histórias desse país! Com o passar das noites, a inquietude dá lugar à desolação e a desolação ao encantamento. Por isso Xerazade organiza as histórias que conta ao Rei em três volumes. Este o primeiro.
Xerazade dá conta das inquietantes maldições que se abatem sobre o país : "Oh venturoso Rei, fui sabedora de que num triste país entre os países, onde se sonha com sereias e baleias, o desemprego propaga-se. Em certos lugares, a floresta arde noite dentro apesar da chuva que cai; homens e mulheres anseiam por lançarem-se ao mar em pleno Inverno. Por vezes há animais que falam embora seja improvável que sejam escutados. Neste país onde as coisas não são o que aparentam ser, os homens do poder passeiam-se em camelos e escondem uma permanente e vergonhosa ereção ; aguardam pelo momento da coleta de impostos para poderem pagar a um certo feiticeiro que … ". E vendo despontar a manhã, Xerazade calou-se.
Metropolis (Catarina Maia) | Ler crítica |