É uma história de um grupo de homens e mulheres, aos quais podemos chamar «cómicos de la legua» cujas peripécias, umas vezes ligadas ao picaresco, outras à tradição, outras à literatura fantástica, jocosas nalguns momentos e noutros patéticas, têm como pano de fundo a Espanha de há quatro ou cinco décadas. Os antecedentes desta série de míseras aventuras remontam já há uma série de anos, quando o avô don Arturo Galván, primeiro actor e director da companhia, nasceu numa caravana de cómicos. O desenlace tem lugar num asilo - digamos "residência" - de idosos quando o último descendente da estirpe teatral dos galvanos chega a “nenhuma parte”. Ao longo da viagem o trabalho mistura-se com o amor, os problemas económicos com os familiares, a fome com o triunfo sonhado. A personagem central, o protagonista, Carlos Galván, é filho do primeiro actor e director da companhia, don Arturo, e é pai de Carlitos, o rapaz que não quer ser cómico. E não lhe faltam razões, pois nos tempos em que se desenvolve a acção, já a rádio, o futebol e o cinema, são inimigos ferozes destes pobres cómicos ambulantes. Carlos Galván acaba por se refugiar num mundo de fantasia que, como dizem os que entendem destas coisas, também é realidade. «cómicos de la legua» - Antigamente dava-se este nome aos actores cómicos das companhias ambulantes e devido à má reputação desta profissão, eram obrigados a acampar a uma légua das muralhas da cidade.