Rússia, Ucrânia e Polónia: viajamos num comboio fantasma a caminho dos campos de extermínio. Presente? Passado? Futuro? As vozes dos sobreviventes relatam aquilo que não é possível mostrar em imagens. Só é possível imaginar. «Os vagões tristes levam-me para aquele lugar. Vêm de todas as direções: leste, oeste, norte, sul. De dia e de noite. Os vagões chegam sem parar.» «Houve um tempo em que também sonhei. Sonhei que este passado nunca mais voltaria. Mas estava enganada. Esse passado está sempre aqui. Até hoje tenho horror a estações de comboio, linhas férreas, vagões. É como se todos os comboios me levassem para Auschwitz, Dachau, Treblinka.» «Treblinka» ouve as vozes de vários testemunhos do extermínio. A parte principal corresponde a excertos das memórias de Chil Rajchman cuja publicação teve lugar já neste século, após a morte do autor. Judeu polaco, Chil Rajchman foi detido com a irmã mais nova em 1942 e enviado para Treblinka, um campo onde foram exterminadas mais de 750.000 pessoas. Mal chegaram, a sua irmã foi enviada nas câmaras de gás, mas Chil Rajchman escapou à execução, trabalhando sob ameaças e espancamentos contínuos durante dez meses como barbeiro, separador de roupas, carregador de cadáveres, arrancador de dentes. Em Agosto de 1943, houve uma revolta no campo e Rajchman foi um dos poucos que conseguiu escapar vivo. Em 1945, passou a escrito este testemunho único, que só foi publicado pelos seus filhos no início do século XXI.