Woody Allen está "entristecido" pelo Harvey Weinstein, que está a enfrentar dezenas de acusações de assédio e abuso sexual, mas espera que o escândalo que envolve o produtor não "conduza a uma "clima de perseguição de bruxas".

O realizador também admitiu que conhecia os rumores mas não o que descreveu como "histórias de terror" que surgiram desde 5 de outubro.

"Toda a coisa Harvey Weinstein é triste para todos os envolvidos. Trágico para as pobres mulheres que estiveram envolvidas, triste para o Harvey que a sua vida seja tão caótica. Não há vencedores nisso, é apenas muito, muito triste e trágico para essas pobres mulheres que tiveram de passar por aquilo", disse à BBC.

Allen afirmou que tinha esperança que as denúncias conduzam a "alguma melhoria", mas acrescentou que "também não se deseja que conduza a um clima de caça às bruxas, um clima de [as bruxas] Salém, em que cada homem num escritório que pisca os olhos a uma mulher tenha de repente de chamar um advogado para se defender. Isso também não é correto".

“Mas claro que se espera que algo como isto possa ser transformado num benefício para as pessoas do que apenas uma triste ou trágica situação", concluiu o realizador.

Harvey Weinstein ajudou a relançar a carreira de Allen após este ter sido acusado no início dos anos 1990 de abusar de Dylan Farrow, a filha que teve com a atriz Mia Farrow.

Este negou sempre as alegações, que surgiram após a separação de Farrow e quando esta descobriu que ele tinha um caso amoroso com a sua filha adotiva, Soon-Yi Previn.

Um dos filmes foi "Poderosa Afrodite" (1995), que valeu o Óscar a Mira Sorvino, uma das atrizes que assumiu ter sido alvo de assédio sexual por Harvey Weinstein.

Apesar disso, Allen diz que nunca soube de nada: "Ninguém veio alguma vez ter comigo ou contou-me histórias de terror com algum tipo de seriedade. E não o fariam porque não se estava interessado. Está-se interessado em fazer o filme. Mas ouvem-se sempre um milhão de rumores fantásticos. E alguns acabam por ser verdade e alguns - muitos - são apenas histórias sobre esta atriz ou este ator".

Ronan Farrow, fillho de Woody Allen e Mia Farrow, irmão de Dylan, foi o autor do artigo no The New Yorker com as denúncias de várias mulheres, que incluem violação.

Weinstein, agora numa clínica de reabilitação no Arizona, garante que todas as relações sexuais foram consensuais.

No sábado, nove dias após as primeiras revelações no jornal The New York Times, o produtor foi expulso pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela atribuição dos Óscares.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou também que foram iniciados os procedimentos para lhe retirar a legião de Honra, a mais importante distinção francesa.

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