"Na história da arte portuguesa, há algumas (não muitas) obras assim. Se, como acontece com os Painéis das Janelas Verdes, se viessem a perder no futuro sinais claramente identificadores duma nacionalidade (nome do autor, língua, etc.), admiot que um historiador vindouro se pudesse situar frente a esta obra, com a mesma perplexidade com que muitos olharão os Painéis. É uma obra portuguesa? Se sim, quais os seus antecedentes e consequentes? De que escola é o traço? Não lhe serviriam de auxílio os filmes anteriores de Paulo Rocha nem as obras coevas de outros cineastas portugueses (embora Oliveira, evidentemente, por aqui perpasse). A Ilha dos Amores é cinematograficamente um filme sem precursores e talvez seja um filme sem continuidade, não no sentido da originalidade absoluta, mas precisamente no contrário dela: tanta coisa é eco de tanta coisa que, no labirinto de referências, nenhum fio conduzirá à saída." João Bénard da Costa