Largo de Santo Antoninho. Boa noite. Bairro da Bica. "António!" grita uma sombra feminina. Facadas. A vítima foge pelos carris do elevador até que chega, ofegante, às Ruínas da sua (?) própria Memória. Ao longo da primeira parte do filme seis aparições femininas - representadas pela 'mesma' actriz - assomam à sua janela com diferentes versões sobre a vida e as personalidades de um tal António, boémio da Bica, amante, esposo (?), fadista, vendedor de pentes ao vintém e de outros extraordinários artefactos (entre os quais um fabuloso e lendário elixir!). Confrontado com essas visões e com os contraditórios atributos de António, que não (se) sabe se não se tratará de si (mesmo?), vacila entre a hipóteses: o tal de António são vários ou um único. A última aparição feminina, Marya de Fátyma, fadista castiça da Bica, mulher mais velha e experiente apresenta-se como íntima-conselheira de António, dizendo de sua justiça. Comentando os boatos acerca de uma suposta intenção de casamento de António com as supostas seis amantes, Marya de Fátyma introduz a suspeita de que António foi alvo de uma tramóia congeminada para o matar traiçoeiramente à facada. Sem conseguir decidir através destes testemunhos qual a hipótese mais verdadeira/plausível, Ego vê-se confrontado então com uma última aparição - a do António descrito por Marya de Fátyma. Este lança uma nova luz sobre as suas amantes, o suposto e badalado (ou baldado?) casamento e as facadas de que teria sido vítima. Ego-António (António ou Ego?) descobre-se cada vez mais confundido pelo destino/fado : Quem é o verdadeiro António? Quantos Antónios existem afinal? E quantas amantes? Casaram-se? Mataram-no? Estará ele já no Purgatório? Quem é o olho misterioso que protagoniza o filme? António? Qual Antónyo? Eu?? Kum Kacêt!