O cantor mexicano Vicente Fernández, estrela da música latina, morreu este domingo aos 81 anos na cidade de Guadalajara, após estar internado durante quase cinco meses por causa de uma queda na sua fazenda, informou a família.

"Foi uma honra e um grande orgulho partilhar com todos uma grande trajetória da música e ter dado tudo pelo seu público. Obrigado por continuar a aplaudir, obrigado por continuar a cantar", destacava parte da mensagem escrita na conta oficial da estrela nas redes sociais.

A saúde de "Chente", como era popularmente conhecido, tinha piorado nos últimos dias. No sábado, a família disse em comunicado que a sua situação era "crítica", com problemas pulmonares agravados, e que permanecia sedado nos cuidados intensivos.

Nascido a 17 de fevereiro de 1940 em Huentitán el Alto (Jalisco), de pai fazendeiro e mãe dona de casa, Fernández fez parte da memória coletiva mexicana com canções como "Por tu maldito amor" e "Volver, volver".

Durante mais de cinco décadas de carreira a sua música acompanhou várias gerações, dentro e fora do México, em todos os tipos de festas.

Durante esse tempo também ganhou vários prémios, incluindo três Grammys e nove Grammys Latinos.

Ao lamentar o óbito em comunicado, as duas organizações dos prémios definiram o artista como uma "lenda e ícone cultural", agradecendo-lhe pelas suas "vastas contribuições".

"Transmito os meus pêsames a familiares, amigos e milhões de admiradores de Vicente Fernández, símbolo da música rancheira do nosso tempo, conhecido e reconhecido no México e no exterior", expressava no Twitter o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

Uma multidão juntou-se no rancho Los Tres Potrillos - como Fernández chamava aos seus filhos homens - na região metropolitana de Guadalajara, que abriu as portas para que os fãs prestassem um último adeus ao ídolo. O funeral será celebrado de forma privada esta segunda-feira.

"É muito importante para nós que nos deem a oportunidade de prestar uma homenagem a uma lenda da música", disse à France-Presse Leonardo Olmedo, mariachi de 20 anos que se dirigiu ao local.

Carreira de sucessos

Vicente Fernández em 2002

A onda de mensagens de condolências pela morte do ídolo juntou tanto políticos como pessoas da cultura e do entretenimento do México e da América Latina.

"Jalisco e o México estão de luto. A lenda que, com o seu talento, deu voz aos sentimentos de milhões em todo o mundo, deixa-nos como um dos maiores ícones da música e da mexicanidade", escreveu no Twitter o governador de Jalisco, Enrique Alfaro.

"Um homem sempre sensível, simples e simpático [...]. Uma tristeza tão grande que nós, mexicanos, estamos a viver", disse à Televisa a cantora mexicana Lucero, que partilhou o palco com o icónico intérprete numa digressão pelos Estados Unidos há quase três décadas.

A secretária de Cultura do México, Alejandra Frausto, disse à Televisa que disponibilizará à família o Palácio de Bellas Artes, o local cultural mais importante do país, para homenagear Fernández.

O artista vendeu mais de 70 milhões de cópias de uma vasta discografia composta por cerca de 80 álbuns, além de participar em quase trinta filmes.

A sua longa lista de sucessos inclui uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.

Pela sua voz majestosa, o jornal americano The Houston Chronicle chamou-lhe em 1991 como "o Sinatra da música 'rancheira'".

"No dia em que eu deixar de ouvir aplausos, nesse dia morrerei de tristeza", disse a estrela em fevereiro de 2009, durante um espetáculo no Zócalo da Cidade do México, a praça pública mais importante do país.