O governo francês convocou os meios de comunicação do país a permanecerem muito vigilantes diante da ameaça de que ofensivas similares se repitam.

Há uma "retomada total da antena, tudo funciona", declarou à AFP o diretor da redação, Pascal Guimier. O noticiário televisionado foi retomado no início da tarde de quinta-feira com esta frase do apresentador: "A TV5 está com vocês ao vivo esta noite".

Este ataque contra a TV5Monde é "totalmente inédito na história da televisão", declarou à AFP Yves Bigot, diretor-geral da emissora que é transmitida em mais de 200 países e territórios do mundo e que representa um símbolo da TV francesa no cenário internacional.

Segundo analistas, o ciberataque foi executado por especialistas altamente capacitados.

Depois de várias horas com os ecrãs escuros nos seus 11 canais, a TV5Monde conseguiu voltar a exibir imagens e depois, às 10h00, "restabeleceu a distribuição em todo o mundo, exceto os noticiários e as entradas ao vivo".

A ação de hackers contra a TV5 é um "atentado inaceitável à liberdade de informação e de expressão", escreveu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, no Twitter.

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a ministra da Cultura, Fleur Pellerin, e o chanceler Laurent Fabius compareceram na manhã desta quinta-feira à sede da TV5Monde em Paris.

"A investigação está em curso", disse Cazeneuve, antes de afirmar que está decidido a combater "os terroristas".

Fleur Pellerin anunciou que terá uma reunião com os diretores dos grandes meios de comunicação do país.

O ataque aconteceu às 22h00 de Paris na quarta-feira. As transmissões foram interrompidas e substituídas por um ecrã escuro nos 11 canais da TV5Monde.

Ao mesmo tempo, o canal de televisão perdeu o controlo das suas páginas no Facebook, de suas contas no Twitter e dos seus portais de internet, nos quais os hackers publicaram reivindicações do Estado Islâmico.

"É um ciberataque extremamente preciso e potente", declarou Bigot à AFP.

Currículos de familiares de militares franceses

O canal recuperou o controle do Facebook e do Twitter durante a madrugada, mas o portal na internet permanecia "em manutenção" nesta quinta-feira.

Documentos apresentados como bilhetes de identidade e currículos de parentes de soldados franceses envolvidos nas operações contra o EI foram postados na conta do Facebook da TV5 Monde.

"Soldados da França, fiquem longe do Estado Islâmico! Vocês têm a oportundiade de salvar as vossas famílias, aproveitem", afirmava uma mensagem no Facebook que acompanhava estes documentos.

"Em nome de Alá, o clemente, o misericordioso, o CiberCalifado continua a liderar a sua ciberjihad contra os inimigos do Estado Islâmico", completava a nota.

A mensagem acusava o presidente francês, François Hollande, de ter cometido um erro imperdoável ao travar "uma guerra que não serve para nada". "Foi por isso que os franceses receberam o presente de janeiro na Charlie Hebdo e no [supermercado] Hyper Casher", completava o texto, em referência aos atentados contra a revista satírica e a loja de produtos judaicos que deixaram 17 mortos em Paris entre os dias 7 e 9 de janeiro.

França forma parte da união militar internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos que realiza bombardeios aéreos há vários meses no Iraque e na Síria, onde o EI conquistou enormes territories.

A TV5Monde, com sede em Paris, "transmite o idioma francês a todo o mundo, celebra a sua diversidade, cria pontes entre os francófonos do mundo. Estes são os valores que deliberadamente foram atacados", indicou num tweet a secretária de Estado francesa do Desenvolvimento e Francofonia, Annick Girardin.

@AFP