O físico britânico Stephen Hawking, cujo trabalho na área da relatividade e dos buracos negros se destacou, morreu esta quarta-feira aos 76 anos de idade, na sua casa em Cambridge, anunciou a sua família.
"Estamos profundamente tristes com a morte, hoje, do nosso adorado pai. Foi um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado permanecerão por muitos anos", escreveram os filhos do cientista, Lucy, Robert e Tim, num texto divulgado pelas agências noticiosas.
Foi em 2014 que chegou aos cinemas "A Teoria de Tudo", o filme que relatava o processo da sua doença por entre uma relação romântica com Jane Hawking, a sua primeira esposa, e a vida académica.
Quando soube do projeto, o astrofísico aprovou-o tacitamente, mas não demonstrou muito entusiasmo, de acordo com o realizador James Marsh, vencedor de um Óscar em 2009 pelo documentário "Homem no Arame".
No entanto, depois de assistir ao filme, o físico mostrou-se muito satisfeito com o respeito pelos factos e em especial com a interpretação do ator que o representava, o britânico Eddie Redmayne, que era mais conhecido até essa altura pelo musical "Os Miseráveis» e acabou por ganhar o Óscar. Chegou mesmo a dizer que, "às vezes, chegava a pensar que era eu no ecrã".
"Parabéns a Eddie Redmayne por ter ganho um Óscar por representar-me no filme 'A Teoria de Tudo'. Muito bem Eddie. Estou muito orgulhoso de ti. -SH", disse então o astrofísico nas redes sociais.
O ator reagiu ao desaparecimento em comunicado: "Perdemos uma mente verdadeiramente brilhante, um cientista espantoso e o homem mais engraçado que alguma vez tive o prazer de conhecer. O meu amor e pensamentos estão com a sua extraordinária família".
O Óscar de Melhor Ator foi a única vitória de "A Teoria de Tudo" nas cinco nomeações, ficando pelo caminho as de Melhor Filme (foi o ano de "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"), Atriz (Felicity Jones perdeu para Julianne Moore), Argumento Adaptado e Banda Sonora.
«Existirão outros filmes sobre mim depois da minha morte, mas este agradou-me muito», declarou na altura o cientista, segundo o relato de Marsh em conversa com o público após uma projeção em Los Angeles no início de dezembro de 2014.
"A Teoria de Tudo", que recebeu excelentes críticas após a estreia mundial no Festival de Toronto, centrava-se no primeiro casamento do físico mais conhecido do mundo, que deixou Jane em 1990 para se casar logo a seguir com a sua enfermeira Elaine Mason. Essa segunda união durou dez anos.
"A Teoria de Tudo" mostrava, principalmente, a luta "condenada a um grande fracasso" - nas palavras do pai de Hawking no filme - do casal contra a síndrome de Charcot que afligia o físico e foi diagnosticada quando tinha 21 anos. Essa doença neurodegenerativa implacável deixou-o totalmente paralisado e a comunicar com a ajuda de uma máquina, contribuindo para o fim do seu casamento.
"É como um prisioneiro numa cela. O seu pensamento leva-o para lugares onde ninguém nunca foi, até aos buracos negros", esclareceu o cineasta.
A produção foi inspirada no livro de memórias de Jane Hawking "Viagem ao Infinito", que descrevia na primeira pessoa como nasceu a história de amor do casal e um casamento de 30 anos de que resultaram três filhos e foram marcados por grandes desafios e coragem, que evidenciam a força interior de Jane Hawking e o caráter e feitos do seu marido.
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E o documentário...
Um ano antes de "A Teoria de Tudo" chegou "Hawking", um documentário de 90 minutos, narrado pelo próprio.
"Este filme é uma viagem pessoal através da minha vida", explicou o cientista durante a apresentação no festival de filmes de Cambridge a 20 de setembro de 2013.
O documentário contava, nas próprias palavras de Hawking e de membros de sua família, como um estudante brilhante com uma queda para festas se tornou o físico proeminente que ajudou a desvendar os segredos do universo, do Big Bang aos buracos negros.
O homem que apresentou as maravilhas do cosmos a milhões de pessoas através de palestras e do seu 'best-seller' "Uma Breve História do Tempo", tornou-se um ícone popular, que chegou a ser homenageado num episódio da série de animação "Os Simpsons".
"Vivi cinco décadas mais do que os médicos tinham previsto. Tentei fazer bom uso do meu tempo", diz a certa altura no documentário.
"Apesar do que consegui no meu trabalho, a minha vida teve vários desafios", acrescentou o autor de um dos livros mais vendidos em todo o mundo.
"Apaixonar-me salvou-me a vida", salientou o astrofísico, que neste filme abordava a infância, os anos de estudo e apresentava entrevistas com a família, incluindo precisamente Jane Hawking, a primeira esposa.
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