A sua câmara captou algumas das mais atmosféricas imagens de outras eras no cinema: o lendário diretor de fotografia Giuseppe Rotunno, também conhecido em Itália por Peppino, faleceu este domingo (7) em Roma, aos 97 anos, avançou a publicação Variety. A causa não foi revelada.

Na carreira com mais de 50 anos que passou pela fase mais emocionante dos mestres do cinema europeu entre as décadas de 1950 e meados de 1970, destacam-se as colaborações com Dino Risi, Vittorio De Sica, Mario Monicelli e Lina Wertmuller, mas principalmente com Luchino Visconti e Federico Fellini, além de vários filmes de Hollywood.

Giuseppe Rotunno com Fellini

A estreia como diretor de fotografia foi com "Pão, Amor e...", de Dino Risi (1955), mas a carreira de Rotunno começou como operador de câmara em filmes incontornáveis no neorrealismo italiano, como "Umberto D.", de Vittorio De Sica (1952).

Foi nessa posição que trabalhou com Visconti em "Sentimento" (1954), antes de se tornar o diretor de fotografia de "Noites Brancas" (1957), "Rocco e os Seus Irmãos" (1960) e "O Leopardo" (1963), além de "O Estrangeiro" (1967) e os coletivos "Boccaccio '70" (1962) e "A Magia da Mulher" (1967).

Rocco e os Seus Irmãos

Com Fellini, começou com o segmento "Toby Dammit" do filme coletivo "Histórias Extraordinárias" (1968), a que se seguiram "Fellini-Satyricon" (1969), "Roma de Fellini" (1972), "Amarcord" (1973), "Casanova" (1976), "Ensaio de Orquestra" (1978), "A Cidade das Mulheres" (1980) e "O Navio" (1983).

A Vittorio De Sica regressou com "Com Ontem, Hoje e Amanhã" (1963) e "O Último Adeus" (1970), ambos com Sophia Loren e Marcello Mastroianni; Mario Monicelli contou com ele em "A Grande Guerra" (1959), "The Organiser" (1963) e no filme coletivo "Caprice Italian Style" (1968); Lina Wertmuller em "Filme de Amor e Anarquia" (1973), "Tudo a Postos, Nada em Ordem" (1974) e "O fim do mundo na nossa cama habitual numa noite de chuva" (1978).

A passagem pelo cinema americano passou por filmes como "O Grande Amor de Goya", de Henry Koster (1958); "A Hora Final", de Stanley Kramer (1959); "O Anjo Vermelho", de Nunnally Johnson (1960); "O Melhor dos Inimigos", de Guy Hamilton (1961); "A Bíblia", de John Huston (1966); "Iniciação Carnal" (1971), "O Regresso de Henry" (1991) e "Lobo" (1994), todos de Mike Nichols; "Popeye", de Robert Altman (1980); "A Fantástica Aventura do Barão", de Terry Gilliam (1988); "Sabrina", de Sydney Pollack (1995); e até "Kalidor: A Lenda do Talismã", de Richard Fleischer (1985).

A sua única nomeação para os Óscares foi por "All That Jazz - O Espectáculo Vai Começar", de Bob Fosse (1979).

A despedida do cinema aconteceu com "Viagem ao Inferno", de Dario Argento (1996), e o documentário "Lembro-me Sim, Eu Lembro-me" (1997), um último reencontro com Marcello Mastroianni, captado durante a rodagem do seu último filme, "Viagem ao Princípio do Mundo" (1997), de Manoel de Oliveira.