No verão de 2016, Hollywood procurou relançar a saga "Caça-Fantasmas" com uma versão protagonizada por mulheres: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones, com a participação especial de Chris Hemsworth e vários atores do clássico original de 1984.

O resultado foi um fracasso de bilheteira, mas o projeto tornou-se o alvo de muitos ataques sexistas nas redes sociais assim que foi anunciado em 2015. Após a estreia nas salas houve ainda comentários extremamente racistas dirigidos a Leslie Jones, a única atriz negra do elenco.

O realizador não tem dúvida que parte da culpa pelos ataques foi de Donald Trump, então candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA, que viria a ganhar, e novamente na corrida às eleições de novembro.

“O clima político da altura era muito estranho, com Hillary Clinton a concorrer ao cargo em 2016. Havia muitos homens à procura de confronto. Quando estava a ser criticado no Twitter [atual X], ia ver quem eles eram. Muitos eram apoiantes de Trump", disse Paul Feig numa nova entrevista ao jornal britânico The Guardian.

O realizador acrescentou que a própria retórica do então candidato deitou mais achas para a fogueira.

“A seguir, Trump virou-se contra nós. Disse algo do género, 'Estão a refazer o Indiana Jones sem o Harrison Ford. Não podem fazer isso. E agora estão a fazer o 'Caça-Fantasmas« só com mulheres. O que está a acontecer?' e ficou todo chateado", recordou.

E acrescentou sobre os ataques: "Toda a gente atacou. Transformou o filme numa declaração política, como se dissesse: ‘Se é a favor das mulheres, vai ver isto. Se não for, então...’ Não achei que importasse o facto de as personagens principais serem mulheres, mas as pessoas trouxeram muita bagagem.”