O Festival de Cinema de Cannes revelou esta quarta-feira (3) uma seleção oficial de filmes que deveriam ter sido apresentados na edição deste ano, a 73ª, cancelada por causa da COVID-19.

Aquele que é o maior festival do mundo deveria ter tido lugar entre 12 a 23 de maio, com um júri presidido pelo cineasta norte-americano Spike Lee (cujo novo filme, "Da 5 Bloods", seria apresentado fora da competição, colocando fim a uma ausência de três anos da Netflix, por causa do festival ter banido da secção competitiva filmes que não estreiam nas salas de cinema francesas).

Não há qualquer filme português na lista dos 56 filmes de um total de 2067 que foram submetidos à organização (mais 222 do que em 2019), mas surgem “Na penumbra”, filme do lituano Sharunas Bartas, coproduzido pela portuguesa Terratreme.

De fora ficaram os que fariam parte da seleção, mas cujos produtores optaram por esperar pela edição de 2021 por várias razões, da lealdade ao festival a estratégias de distribuição e marketing (sabe-se que essa foi a opção para "Benedetta", um filme muito aguardado de Paul Verhoeven sobre freiras homossexuais).

Esta divulgação visa apoiar o cinema em tempos de crise e embora não sejam anunciados vencedores, todos poderão usar o prestigiado logotipo de Cannes na sua promoção.

A seleção não inclui secções ou seja, foi omitido se fariam parte da competição oficial pela Palma de Ouro, da mostra paralela "Um Certain Regard", Sessões da meia-noite, Sessões especiais ou Fora da competição.

Porém, o diretor geral Thiérry Fremaux, que se juntou ao presidente do festival Pierre Lescure numa entrevista à estação francesa Canal Plus em vez da habitual conferência de imprensa, dividiu entre os "fiéis" (realizadores que já tinham visto pelo menos um filme anterior selecionado por Cannes), estreantes no festival, primeiros filmes, documentários, comédias e animações.

Recordando que a pandemia obrigou ao encerramento dos cinemas, de forma inédita em mais de um século, Thierry Frémaux considera que esta seleção oficial de filmes espelha a vitalidade do cinema atual. Foi ainda destacado que 15 filmes são de primeiros realizadores e 16 dirigidos por mulheres, mais dois do que no ano passado.

Como esperado, a lista inclui a animação da Pixar "Soul - Uma Aventura com Alma", mas também "Mangrove" e "Lover’s Rock", ambos de Steve McQueen ("12 Anos Escravo"), "Été 85", de François Ozon, "Des Hommes", de Lucas Belvaux, "El olvido Que Seremos", de Fernando Trueba, "DNA", de Maiwenn, "True mothers", da japonesa Naomi Kawase, e "Another Round", de Thomas Vinterberg.

Outra presença previsível é "The French Dispatch”, o novo trabalho de Wes Anderson ("Grand Budapest Hotel"), a meio caminho entre "animação e cinema real": "é uma grande homenagem aos jornalistas", resumiu o diretor geral.

Surgem também "Aya and the witch", de Goro Miyazaki, o primeiro filme em animação 3D dos estúdios de animação japonesa Ghibli; "Ammonite", de Francis Lee ("God's Own Country") com Kate Winslet e Saoirse Ronan; "Falling", estreia na realização de Viggo Mortensen; e “Casa de Antiguidades”, do brasileiro João Paulo Miranda Maria.

CONHEÇA A LISTA COMPLETA.

Graças a colaborações, vários filmes da seleção 2020 serão exibidos noutros festivais à volta do mundo com o apoio ativo de Cannes: Thiérry Fremaux indicou que estavam incluídos Toronto, Deauville, San Sebastian, Pusan, Morelia, Angoulême, Nova Iorque, Roma, Rio de Janeiro, Tóquio, Mumbai, Mar del Plata e Sundance.

"Conversámos com José-Luis Rebordinos, diretor do Festival de Cinema de San Sebastian, que decidiu que os filmes incluídos na seleção oficial de Cannes 2020 poderiam competir. Ele mudou as regras, apenas para nós", salientou Frémaux.

Tal como anunciado anteriormente, o mercado do filme de Cannes, um dos eventos paralelos do festival para profissionais da indústria, decorrerá este ano apenas online.

Está ainda por revelar a seleção de filmes da Semana da Crítica e da Cinéfondation.

Em 2019, "Parasitas", do sul-coreano Bong Joon-ho, arrecadou a Palma de Ouro, que acabaria por ser consagrado com o Óscar de Melhor Filme.

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