Desde 1967 que
Roger Ebert partilhava a sua paixão pelo cinema de forma profissional, com uma coluna no jornal «Chicago Sun-Times» que se manteve até à sua morte e que se tornou uma referência pela forma inteligente, apaixonada, culta e politicamente incorreta com que olhava para a Sétima Arte. A isso somava-se um talento único para a escrita, que lhe valeu, logo em 1975, o mérito de ser o primeiro (e até agora único) crítico de cinema a ganhar o prémio Pulitzer.

Ebert travou uma luta feroz contra um cancro na tiroide em 2002 e desde então continuou a lutar contra uma série de sequelas terríveis da doença, que o levaram a perder a voz e a capacidade de ingerir alimentos através da boca devido a uma traqueostomia. Ainda assim, continuou sempre a trabalhar (só no ano passado escreveu 306 críticas e diversos artigos), num exemplo de resistência à dor e à debilidade física que surpreenderam e comoveram a comunidade cinematográfica.

Roger Ebert foi autor de mais de 15 livros sobre cinema, co-escreveu o argumento de filmes de Russ Meyer (nomeadamente do filme de culto «Beyond the Valley of the Dolls») e tornou-se um rosto muito popular na América com um programa televisivo que, durante 23 anos e com vários nomes, partilhou com o crítico Gene Siskel, em que ambos classificavam cada filme colocando o polegar para cima ou para baixo (popularizando no léxico americano os termos «thumbs up» e «thumbs down»). Quando Siskel faleceu em 1999, Ebert formou parceria com Richard Roeper, mas abandonaria o programa em 2006, quando a doença limitou a sua presença no pequeno ecrã.