Se o comum dos mortais toma decisões profissionais de que se arrepende, as estrelas de Hollywood também não são imunes e fazem-no frequentemente. Só que os grandes revelações ficavam guardadas para as memórias ou só eram conhecidas muitos anos depois, como quando Christopher Plummer confessou não gostar mesmo nada de «Música no Coração» chamando-lhe originalmente algo que pode ser traduzido por «O Som de Muco», ou como quando Alec Guiness mostrou o desdém que tinha por «A Guerra das Estrelas» e pelos seus fãs.
Casos em que a insatisfação se manifestava antes da estreia dos filmes são mais raros mas acontecem. Rosie O'Donnell levou a sua cadela para as entrevistas de promoção de «Exit to Eden», Brad Pitt disse que «Perigo Íntimo» era irresponsável mesmo antes de chegar à sala de cinema e Sean Connery mandou que se procurasse o realizador Stephen Norrington de «Liga de Cavalheiros Extraordinários» no manicómio.
Por sua vez, Keanu Reeves foi contratualmente obrigado a esperar um ano para revelar que um amigo forjou a sua assinatura no contrato para «24 Horas Para Matar» (2000). Porque o ator não o conseguia provar, teve de honrar o compromisso para não ser processado.
Na era das redes sociais, de milhares de publicações e «talk shows», tudo é diferente. Recentemente, Brad Pitt afirmou que detestava «Entrevista com o Vampiro». Andrew Garfield não foi tão longe, mas já disse que «O Fantástico Homem-Aranha 2: O Poder de Electro» foi prejudicado por cortes. E Ben Affleck pede de tempos a tempos desculpa por «Daredevil - O Homem Sem Medo».
Existem arrependimentos para todos os gostos: Mark Whalberg falou na «porra» das árvores de «O Acontecimento», Megan Fox desafiou todos a explicarem-lhe a história de «Transformers - Retaliação» e Shia LaBeouf disse que todos tinham estado abaixo do que podiam fazer em «Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal», o que congelou a relação paternal com Steven Spielberg e levou Harrison Ford a chamar-lhe imbecil. E é do domínio público que, por muito grato que esteja pelo sucesso, Robert Pattinson não é um fã da sua personagem mais célebre como vampiro e dos próprios filmes da saga «Twilight».
As razões de insatisfação variam: Jason Patric não gostou das alterações feitas ao argumento de «Speed 2», Alec Baldwin não gostou do resultado final de «O Julgamento do Diabo» (2003) e Edward Norton foi forçado a entrar em «Um Golpe em Itália» por razões contratuais.
E se muitos dos filmes em questão foram fracassos, se não comerciais, pelo menos artísticos, que se tornam, com a passagem no tempo manchas no currículo, existem ainda situações que desafiam a lógica. Recorde-se o caso de Burt Reynolds, que ficou muito desgostoso com uma versão de «Jogos de Prazer», que acabaria por lhe valer uma nomeação para os Óscares e um novo fôlego (temporário) na carreira. Para mostrar o seu descontentamento despediu mesmo o agente e recusou um papel em «Magnolia».
Apesar de tudo, há finais felizes: «Elektra» acabaria por juntar também na vida real Ben Affleck (cortado da versão final) e Jennifer Garner, «Dark Tide - Águas Profundas» (2012) Halle Berry e Oliver Matinez, e «A Casa dos Sonhos» Daniel Craig e Rachel Weisz...
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