
As declarações de Gwyneth Paltrow sobre os coordenadores de intimidade envolvidos nas cenas de sexo continuam a dar que falar.
Numa entrevista à revista Vanity Fair (via Variety) revelada na semana passada falou-se sobre o filme "Marty Supreme”, que chega aos cinemas no Natal e que a vencedora do Óscar por "A Paixão de Shakespeare" (1998) descreveu como o seu primeiro trabalho "a sério" como atriz desde "Country Strong" (2010).
Com décadas de experiência em Hollywood, a atriz de 52 anos teve contacto pela primeira vez com uma nova figura profissional na indústria: os coordenadores de intimidade, uma das consequências do movimento #MeToo.
"Miúda, sou da era em que se ficava nua, ia-se para a cama e se punha a câmara a trabalhar", recordava sobre a sua reação quando a coordenadora lhe perguntou se se sentiria confortável com um movimento específico durante uma cena íntima.
Gwyneth Paltrow acrescentava que se sentia "muito sufocada enquanto artista" com isso e pediu à pessoa para se afastar um pouco e a deixar tratar da cena com Timothée Chalamet, de 29, comentando com humor a abordagem direta: “Foi algo do género 'Muito bem, eu tenho 109 anos. Tu tens 14.’".
Declarações "irresponsáveis", na opinião da produtora britânica Caroline Hollick, antiga responsável pela área de Drama no canal Channel 4, que lamentou que os coordenadores de intimidade tenham "sido apanhados nas franjas das guerras culturais”.
“De vez em quando um ator faz um comentário sobre se gosta de coordenadores de intimidade ou não. A Gwyneth Paltrow disse que cresceu numa época em que [as pessoas em Hollywood] ‘tiravam a roupa e seguiam em frente’. Como uma mulher poderosa em Hollywood a representar com um homem muito mais jovem do que ela, bem, tenho certeza de que [com o Chalamet] é tranquilo, mas achei que foi uma coisa bastante irresponsável de se dizer”, disse no Series Mania (via Deadline), o maior evento da indústria na Europa dedicado às séries de TV, durante um painel intitulado "Vamos falar sobre sexo! (E consentimento)".
Caroline Hollick mencionou que é preciso pensar com cuidado sobre o papel dos coordenadores de intimidade na estrutura de poder na indústria.
“Trazer um coordenador de intimidade para o set dá poder a um ator porque há alguém ao lado para lutar por ele. Os produtores têm objetivos, os argumentistas têm objetivos e os realizadores têm objetivos. Portanto, é importante ter alguém para apoiar o artista", salientou.
A produtora apelou ainda à indústria para dar às cenas de sexo o mesmo estatuto das cenas de ação e garantiu que não deseja que exista menos sexo na TV, pois a alternativa é que "tudo o que as pessoas verão em termos de representação é pornografia”.
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